Oficial do Exército dos EUA e a esposa são acusadas de espionagem para Moscou

Uma das suspeitas revelou agir "motivada pelo patriotismo russo". Se condenadas, ambas podem pegar até 15 anos de prisão

Uma oficial do Exército dos EUA e a esposa dela foram acusadas de vazar registros de saúde de membros do governo e militares norte-americanos para Moscou. As informações são da agência Reuters.

De acordo com documentos judiciais apresentados pelo tribunal federal de Maryland, a médica das Forças Armadas ex-major Jamie Lee Henry e a esposa, a anestesista Anna Gabrielian, teriam fornecido as informações, protegidas por lei federal, a um agente do FBI que se fez passar por um funcionário do Kremlin.

Embora a acusação tenha identificado Henry com os pronomes “ele” durante uma audiência inicial na quinta-feira (29), a militar se assumiu como uma mulher transgênero, sendo a primeira oficial do Exército dos EUA da ativa a mudar a identidade de gênero. Em 2015, após ter assumido seu nome e gênero, se casou com Gabrielian.

Jamie Lee Henry (à esquerda) e a esposa dela Anna Gabrielian (Foto: Twitter/reprodução)

Segundo a rede BBC, os procuradores sustentam que Henry, de 39 anos, pretendia usar as suas credenciais para obter acesso a documentos sigilosos do hospital da base militar de Fort Bragg, no Estado norte-americano de Carolina do Norte, onde trabalhava.

Já Gabrielian, 36, planejava repassar informações confidenciais do prestigiado Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, onde atuava. Ela inclusive teria oferecido a sua ajuda à embaixada russa em Washington após a invasão das tropas de Vladimir Putin na Ucrânia.

A intenção do casal, de acordo com os promotores, era ajudar o governo russo a “obter informações sobre as condições médicas de indivíduos associados ao governo e às forças armadas dos EUA”.

A acusação relata que Gabrielian disse ao agente disfarçado que havia sido “motivada pelo patriotismo em relação à Rússia para fornecer qualquer assistência que pudesse ao país, mesmo que isso significasse ser demitida ou ir para a prisão”.

Henry teria dito ao mesmo agente que, assim como a esposa, estava comprometida com Moscou e considerou se voluntariar para ingressar no exército russo.

“A maneira como estou vendo o que está acontecendo na Ucrânia agora é que os Estados Unidos estão usando os ucranianos como um representante de seu próprio ódio contra a Rússia“, disse Henry ao agente, segundo os promotores.

Segundo a acusação, ela disse que tinha reservas quanto à violação da Lei de Portabilidade e Responsabilidade do Seguro de Saúde (HIPAA, da sigla em inglês), que é justamente pelo que o casal foi acusado.

Se condenadas, as duas mulheres podem enfrentar até 15 anos de prisão. Até o momento, nem a defesa das acusadas nem as autoridades russas se manifestaram sobre o caso.

Por meio de um porta-voz, o Hospital Johns Hopkins disse que a instituição estava “chocada” com as notícias e alegou estar disposto a cooperar “totalmente” com o trabalho da investigação.

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