Em meio a uma vertiginosa militarização da juventude russa, fenômeno que ocorre desde o início da invasão aos vizinhos ucranianos, Moscou anunciou a construção de um enorme complexo militar-patriótico de educação para jovens, disse a mídia pró-Kremlin. As informações são do jornal independente The Moscow Times.
Em obras na região de Vologda, o centro de ensino Avangard deve inaugurar seu primeiro campo de treinamento em 2023. A projeção é que anualmente pelo menos 5 mil crianças e adolescentes passem por lá, de acordo com a agência de notícias Pobedarf.ru.
O local irá disponibilizar a estudantes do ensino médio e universitários práticas de tiro esportivo. Além do manejo de armas, poderão desenvolver habilidades de navegação, conhecimento em robótica e uso de drones, detalhou durante um conselho de professores nesta semana Oleg Kuvshinnikov, governador de Vologda.
Segundo o político, o complexo, que deve ser o maior centro metodológico de preparação para o ingresso nas forças armadas do país do noroeste do país, seguirá instruções do presidente Vladimir Putin e contará com o apoio do Ministério da Defesa russo.
“Vamos preparar estudantes do ensino médio e universitários para o serviço militar, educação militar-patriótica e desenvolvimento físico”, disse Kuvshinnikov.
O Avangard integra uma política do Kremlin de oferecer educação militar-patriótica a cidades com população acima de 100 mil habitantes, explicou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu em entrevista concedida em maio.
O objetivo, segundo ele, é criar “uma nova geração de cidadãos leais”. Para tanto, o país já conta com um Exército da Juventude, o “Yunarmia” – que está em franca expansão –, programação de televisão voltada para os jovens e leis educacionais que incluem ensino de patriotismo e história de guerra.
Em meio a esse processo de militarização no governo Putin, pesquisas indicam a chamada “operação militar especial” não é popular entre os russos mais jovens, que têm menor propensão a apoiar a a invasão à Ucrânia do que as gerações mais velhas.
Desde o início da invasão, as autoridades em educação russas ampliaram a carga horária de ensino obrigatório de história patriótica para crianças de 7 anos. Além disso, nomearam conselheiros escolares “patrióticos” e fizeram um revisionismo histórico para levar aos estudantes do ensino médio um ponto de vista favorável ao governo sobre a Ucrânia.