Otan planeja abrir um escritório no Japão, iniciativa que tende a irritar a China

Beijing já alertou a aliança para os riscos de expandir “seus tentáculos para a Ásia-Pacífico”, o que está perto de se materializar

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) planeja abrir até 2024 um escritório no Japão, a fim de ficar mais próxima de aliados-chave como Austrália, Coreia do Sul e Nova Zelândia e assim ganhar terreno na disputa por influência na região do Indo-Pacífico. As informações são da rede Nikkei Asia.

O projeto, que marcaria a entrada da aliança transatlântica no continente asiático, tende a incomodar a China, que já alertou a Otan para os riscos de expandir “seus tentáculos para a Ásia-Pacífico”.

Nessa troca de farpas entre os rivais, o Conceito Estratégico de 2022, documento orientador da Otan, classificou os chineses como um “desafio sistêmico” à segurança dos países-membros, e o escritório japonês sinalizaria a intenção de combater essa ameaça.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan (Foto: Otan/Flickr)

“As ambições declaradas e as políticas coercitivas da República Popular da China desafiam nossos interesses, segurança e valores. Ela se esforça para subverter a ordem internacional baseada em regras, inclusive nos domínios espacial, cibernético e marítimo”, diz o documento divulgado em julho de 2022.

No material, a Otan acusou Beijing de atacar autoridades ocidentais através de “operações híbridas e cibernéticas maliciosas e sua retórica de confronto”. E prometeu “fortalecer o diálogo e a cooperação com parceiros novos e existentes no Indo-Pacífico para enfrentar desafios inter-regionais e interesses de segurança compartilhados”.

Autoridades da Otan e do governo japonês confirmaram os planos de abertura do escritório, mas não falaram abertamente sobre isso. Questionada, a porta-voz Oana Lungescu disse que não comentaria “deliberações em andamento”, admitindo apenas que acordos com aliados são periodicamente revisados “para garantir que atendam melhor às necessidades da Otan e de nossos parceiros”.

Ao jornal The Guardian, porém, Lungescu exaltou o Japão. “Como disse o secretário-geral em Tóquio, em fevereiro, entre os parceiros da Otan, nenhum está mais próximo ou mais capaz que o Japão”, disse ela. “Compartilhamos os mesmos valores, interesses e preocupações, incluindo apoiar a Ucrânia e enfrentar os desafios de segurança impostos por regimes autoritários, e nossa parceria está se fortalecendo”.

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