Para resgatar reféns, EUA cogitam oferecer recompensas milionárias por líderes talibãs

Segundo o secretário de Estado Marco Rubio, grupo mantém mais norte-americanos no Afeganistão do que inicialmente relatado

Os Estados Unidos podem implementar recompensas significativas pelos principais líderes do Taleban, sugeriu o secretário de Estado Marco Rubio no sábado (25). A declaração ocorreu após informações indicarem que o grupo pode estar mantendo mais reféns americanos no Afeganistão do que o inicialmente relatado. As informações são da Radio Free Europe.

“Estou ouvindo que o Taleban tem mais reféns americanos do que foi relatado anteriormente”, escreveu Rubio na plataforma X, antigo Twitter. “Se isso for confirmado, precisaremos colocar uma recompensa significativa sobre seus principais líderes, talvez até maior do que a que oferecemos por bin Laden”, completou, referindo-se ao ex-líder da Al-Qaeda, morto em 2011 em uma operação dos EUA no Paquistão.

A declaração de Rubio ocorre em um momento de intensificação das relações entre os EUA e o Taleban. No início desta semana, autoridades confirmaram a libertação de dois americanos detidos no Afeganistão em troca de Khan Mohammed, um membro talibã condenado a prisão perpétua nos EUA por crimes relacionados ao tráfico de drogas e terrorismo. O Ministério das Relações Exteriores afegão classificou o acordo como resultado de “longas e produtivas negociações” entre os dois países.

Marco Rubio (Foto: Gage Skidmore/Flickr)

Embora os dois americanos libertados não tenham sido identificados oficialmente, familiares e relatos da mídia sugerem que sejam Ryan Corbett e William McKenty. Contudo, outros dois cidadãos americanos, George Glezmann e Mahmood Habibi, que estão sob custódia do Taleban desde 2022, não foram mencionados no contexto do acordo. Ainda não está claro se Rubio fazia referência a esses reféns.

O acordo também atraiu críticas e questionamentos sobre os detalhes das negociações, que não foram divulgados publicamente. Um membro do governo Trump informou que o entendimento foi negociado pela administração Biden antes de sua saída em 20 de janeiro. Atualmente, os EUA não reconhecem o Taleban — que assumiu o controle do Afeganistão em meados de 2021 — como governo legítimo do país.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Brian Hughes, afirmou em 21 de janeiro que o governo Trump “continuará exigindo a libertação de todos os americanos detidos pelo Talibã, especialmente considerando os bilhões de dólares em ajuda fornecidos pelos EUA nos últimos anos”.

Mandados internacionais e acusações contra o Taleban

Paralelamente às tensões diplomáticas, o Tribunal Penal Internacional (TPI) também intensificou a pressão sobre o Talibã. Karim Khan, promotor-chefe do TPI, anunciou recentemente que solicitou mandados de prisão contra o líder supremo do grupo, Mullah Haibatullah Akhundzada, e Abdul Hakim Haqqani, chefe da Suprema Corte do Afeganistão. Ambos são acusados de crimes contra a humanidade, incluindo a perseguição sistemática de mulheres e meninas afegãs.

Khan destacou que as evidências coletadas desde a reabertura da investigação em outubro de 2022 sugerem que Akhundzada e Haqqani possuem responsabilidade criminal direta por essas violações. Por sua vez, o Talibã rejeitou as acusações como “infundadas”.

Mir Abdul Wahid Sadat, presidente da Associação de Advogados Afegãos, descreveu as ações do TPI como uma “ameaça significativa ao Taleban”, enfatizando que as decisões do tribunal podem ter “implicações severas” para os líderes do grupo.

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