Três parlamentares norte-americanos solicitaram uma investigação mais detalhada do NewsBreak, um aplicativo popular de agregação de notícias nos Estados Unidos, depois que uma matéria publicada pela agência Reuters ter relatado suas origens chinesas e o uso de inteligência artificial (IA) para gerar histórias imprecisas.
A reportagem se baseou em documentos judiciais não divulgados anteriormente relacionados a violações de direitos autorais, e-mails de cessação e desistência e um memorando interno de 2022 da empresa, que levantava preocupações sobre “histórias geradas por IA”. Pelo menos 40 casos foram identificados em que o uso de ferramentas de IA pelo NewsBreak afetou as comunidades dentro de sua área de cobertura de noticiário.
Embora o NewsBreak seja um aplicativo de notícias gratuito que oferece aos usuários um feed personalizado de notícias locais e nacionais, e não tenha seu foco voltado para as notícias chinesas nem seja direcionado ao público chinês, os legisladores também se dizem preocupados com seus laços atuais e passados com investidores chineses, assim como com sua presença na China, onde muitos de seus engenheiros estão baseados.

O senador Mark Warner, democrata e presidente do Comitê de Inteligência, declarou: “A única coisa mais assustadora do que uma empresa que produz notícias sem verificação e geradas artificialmente é uma que possui laços profundos com um governo estrangeiro adversário”.
Em resposta a um pedido de comentário da Reuters sobre as declarações dos legisladores, o NewsBreak afirmou ser uma empresa americana: “O NewsBreak é e sempre foi uma empresa americana. Qualquer afirmação em contrário é falsa”, afirmou um porta-voz da empresa.
O NewsBreak foi estabelecido em 2015 como uma subsidiária da Yidian, um aplicativo de agregação de notícias chinês, por Jeff Zheng, um cientista da computação e ex-executivo do Yahoo, juntamente com Ren Xuyang, um ex-executivo do Baidu, uma das principais empresas de tecnologia da China. A empresa iniciou suas operações em Mountain View, Califórnia, e atualmente possui escritórios em Mountain View (sua sede), Seattle e Nova York, além de contar com equipes de suporte em Xangai e Beijing, segundo informações no site da empresa.
Em 2017, o Yidian recebeu elogios dos líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) por sua eficácia na divulgação da propaganda do governo. No entanto, a Reuters não encontrou evidências de que o NewsBreak tenha censurado ou veiculado notícias favoráveis ao governo chinês ou conseguiu determinar se ele mantém quaisquer conexões atuais com o partido.
Raja Krishnamoorthi, o principal democrata no comitê seleto da Câmara sobre a China, afirmou que os americanos têm o direito à “total transparência” sobre qualquer ligação com o PCC por parte dos distribuidores de notícias, especialmente em relação ao uso de “algoritmos opacos” e ferramentas de inteligência artificial na produção de notícias.
A NewsBreak é uma start-up de capital privado, cujos principais investidores são as empresas de private equity (uma forma de investimento em empresas que não são negociadas publicamente) Francisco Partners, com sede em São Francisco, e IDG Capital, com sede em Beijing.