Seis meses após a imposição da pena de morte contra três cidadãos norte-americanos por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado na República Democrática do Congo, o presidente Félix Tshisekedi decidiu comutar suas sentenças para prisão perpétua. O anúncio foi feito na terça-feira (1º) pela porta-voz presidencial Tina Salam, conforme relato da rede Al Jazeera.
Os americanos estavam entre 37 réus condenados em outubro do ano passado por “terrorismo” e “associação criminosa”, após um ataque fracassado contra o palácio presidencial em Kinshasa. A ação, liderada por Christian Malanga, opositor pouco conhecido que foi morto durante o confronto, deixou seis mortos e repercutiu internacionalmente devido à presença de estrangeiros entre os envolvidos.

Marcel Malanga, de 21 anos, filho do líder rebelde e cidadão dos EUA, estava entre os condenados. Durante o julgamento, ele afirmou ter sido coagido pelo pai a participar do ataque. “Papai ameaçou nos matar se não seguíssemos suas ordens”, declarou, referindo-se também ao colega Tyler Thompson Jr..
O terceiro norte-americano beneficiado pela comutação é Benjamin Reuben Zalman-Polun, 36, que teria ligações comerciais com Christian Malanga por meio de uma empresa de mineração de ouro. Segundo o tribunal, os três teriam sido cúmplices no plano de invadir o palácio presidencial e atacar aliados próximos de Tshisekedi.
A decisão de reduzir as penas ocorre em um momento delicado nas relações diplomáticas entre Kinshasa e Washington. Autoridades congolesas têm buscado firmar um acordo com os EUA para cooperação em segurança, especialmente no leste do país, onde grupos armados mantêm confrontos. Fontes ligadas ao governo afirmam que Washington demonstrou interesse em um pacto envolvendo apoio logístico e acesso a minerais estratégicos.
Ainda nesta semana, o Departamento de Estado dos EUA anunciou o envio de Massad Boulos, novo assessor sênior do presidente Donald Trump para assuntos africanos, ao território congolês. A missão oficial, segundo comunicado, visa “impulsionar o investimento do setor privado e avançar em esforços de paz sustentável no leste da RD Congo”.