As reservas internacionais argentinas perderam metade de seu valor em um ano e meio. Em maio, o colchão cambial do país bateu US$ 42,6 bilhões, ante cerca de US$ 80 bilhões no início de 2019. As informações são da agência de notícias Reuters.
A velocidade da deterioração é significativa: desde o início de janeiro, as reservas caíram US$ 3 bilhões — US$ 1 bilhão apenas no último mês.
A quantia atual é inferior ao valor total das importações argentinas em 2019. Isso significa que o país já opera muito próximo de uma margem de segurança razoável para arcar com suas obrigações no exterior ou se proteger em caso de turbulência cambial.
Em maio, a cifra atingiu o menor nível desde 2017, diante da luta do país em controlar o novo coronavírus e de uma crise de dívida que se arrasta há anos.
Nas últimas semanas, o banco central do país restringiu o acesso de empresas ao dólar. Já os cidadãos podem comprar apenas US$ 200 em moeda estrangeira por mês, além de pagar taxa.
No ano passado, o país impôs rígidos controles de capital, após um colapso no mercado, que levou a uma grande demanda por moeda estrangeira. O banco central parecia sustentar um peso enfraquecido e os poupadores passaram a usar o dólar como uma moeda segura.
Esse tipo de controle cambial é comum em países com poucas reservas e necessidade de priorizar o acesso a importações fundamentais. Por isso, uma das primeiras táticas dos bancos centrais em cenários como o argentino é limitar o acesso a moeda estrangeira e segurar supérfluos, como consumo e viagens dos cidadãos.
As investidas do banco central ajudaram a manter o peso argentino estável recentemente, mas seu valor em mercados não oficiais caiu, criando uma diferença ainda mais preocupante com a taxa oficial.
Há anos, o governo da Argentina tenta fortalecer a confiança em sua moeda. No país, circulam diversas taxas paralelas de câmbio e a economia já é bastante dolarizada. Aluguéis, por exemplo, são em geral negociados em dólar em cidades como a capital Buenos Aires.
Em paralelo, o governo também tenta reestruturar sua dívida externa, mas enfrenta obstáculos para chegar a um acordo amplo com seus credores privados. O FMI (Fundo Monetário Internacional) também é grande credor da Argentina.