O mês de junho reserva uma cúpula entre o governo britânico e Bruxelas, em mais um capítulo do Brexit. Nela, não se esperam grandes avanços, segundo a “The Economist”.
Para haver progresso, os negociadores David Frost, do Reino Unido, e Michel Barnier, da UE (União Europeia), dependem do aval de seus chefes – todos concentrados na crise do coronavírus.
A última rodada terminou com uma troca de cartas entre os negociadores, na qual ambos manifestaram insatisfação com os rumos da conversa.
O primeiro pedia que a Europa “repensasse suas propostas”. Para o segundo, era preciso conseguir “progressos tangíveis e paralelos em todas as áreas”.
Um dos principais atritos está na fronteira entre a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, e a República da Irlanda, independente e parte da UE.
Os britânicos não querem um ponto de controle aduaneiro entre as duas nações.
Prazo curto
O medo das duas partes é de chegar a hora da saída efetiva e não haver um tratado comercial que regule as interações entre Londres e o bloco.
A maioria dos analistas encara essa possibilidade como real: 70% deles acha que não haverá acordo até o final deste ano, segundo pesquisa do think tank acadêmico UK in a Changing Europe.
Seria possível estender o Brexit por mais dois anos, caso não haja indicativo de um acordo nos próximos meses. Mas o primeiro-ministro britânico Boris Johnson já sinalizou que vetará qualquer proposta de extensão.
O premiê vê um novo aumento de prazo para o Brexit como uma indesejável lembrança do governo de Theresa May, considerado fraco.
Também teme a reação do eleitorado conservador, embora a última ampliação tenha sido bem vista pelos britânicos, segundo a “The Economist”.
O cálculo de Johnson é que, quanto mais curto o prazo, maior a chance de arrancar concessões de Bruxelas. Além disso, a pandemia deve mascarar quaisquer resultados econômicos e políticos negativos causados pela saída sem um acordo comercial.
Para a semanal britânica, “o risco de terminar o ano sem um acordo comercial com a UE e sem extensão do prazo parece desconfortavelmente alto”.
O Brexit voltará ao centro do debate público, queira-se ou não.