A recente decisão do presidente Joe Biden de permitir que a Ucrânia utilize armas americanas para atacar profundamente o território russo pode ser revisada por seu sucessor, Donald Trump. A informação, divulgada por veículos de mídia pró-Kremlin, traz à tona uma possível mudança de postura em relação à estratégia militar dos Estados Unidos na guerra entre Kiev e Moscou. As informações são da Newsweek.
De acordo com o New York Times, Biden retirou a proibição sobre o fornecimento de mísseis de longo alcance, como o ATACMS (Sistema de Mísseis Táticos do Exército), anteriormente temidos por uma possível escalada no conflito. A decisão foi tomada com o intuito de fortalecer a posição da Ucrânia contra as forças russas, especialmente na região de Kursk, onde, em agosto, Kiev realizou uma incursão significativa.
Embora a Casa Branca não tenha confirmado oficialmente a reportagem até o início desta semana, a agência de notícias estatal russa, Tass, fez previsões sobre as possíveis consequências dessa medida. De acordo com uma fonte anônima, que se identificou como parte da equipe de transição de Trump, a decisão de Biden poderia ser rapidamente revertida. “Suspeito que quase tudo será revisado”, afirmou a fonte, sugerindo que a mudança de política poderia ser uma das primeiras ações de Trump, caso ele retorne ao poder.
A fonte também reforçou o princípio de que, nos Estados Unidos, só há um presidente em exercício por vez. “Até o meio-dia de 20 de janeiro de 2025, esse presidente é Joe Biden”, lembrou. No entanto, a fonte indicou que a atual administração tem pouco tempo para implementar suas políticas, especialmente no que diz respeito ao fornecimento de armamentos à Ucrânia. “A decisão de usar esses mísseis foi tomada por ele”, disse, mas sugeriu que a próxima administração poderia revogá-la rapidamente.
O fornecimento de armamentos de longo alcance à Ucrânia, como os mísseis ATACMS, tem sido um ponto de discórdia entre os aliados ocidentais, com preocupações sobre o risco de uma guerra mais ampla envolvendo a Rússia. A medida tomada por Biden, que visa aumentar a pressão sobre Moscou, reflete uma intensificação no apoio dos EUA à Ucrânia, mas também coloca o atual presidente no centro de uma controvérsia que pode ser reconsiderada por seu sucessor.
O New York Times informou que autoridades americanas acreditam que a decisão de Biden de permitir ataques ucranianos com armas dos EUA não mudará fundamentalmente o curso da guerra, mas pode ter sido influenciada pelo envio de tropas norte-coreanas para Kursk. John Hardie, da Fundação para a Defesa das Democracias, declarou à Newsweek que essa medida permitirá à Ucrânia atingir alvos estratégicos na Rússia, fortalecendo sua posição em negociações futuras.
Embora Jon Finer, vice-conselheiro de Segurança Nacional, não tenha confirmado a reportagem, ele ressaltou que Washington “responderá” ao envio de tropas norte-coreanas, atribuindo a escalada à invasão russa da Ucrânia. Em contrapartida, Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, alertou que essa decisão dos EUA intensificaria o conflito e marcaria um novo nível de envolvimento americano.