Vídeo mostra agressão de diplomata russo a uma manifestante no Rio. Assista

Vítima foi identificada como Uliana Lopatina, que nas redes sociais se identifica como "ativista pró-Ucrânia nascida na Rússia"

Um mulher foi agredida por um diplomata russo em frente ao consulado da Rússia no Rio de Janeiro, na sexta-feira (24). O episódio foi noticiado pelo jornal Folha de S. Paulo, e as imagens do incidente foram publicadas no YouTube pelo portal Uol. Assista ao vídeo abaixo:

A vítima foi identificada como Uliana Lopatina, que nas redes sociais se identifica como “empreendedora” e “ativista pró-Ucrânia nascida na Rússia”. Ela e uma compatriota estavam em frente ao imóvel que é sede da embaixada, no Leblon, com cartazes de oposição à guerra.

No material, que teria sido colado nos muros do consulado, liam-se frases como “parem a guerra”, “Putin, o inferno está te esperando” e “Putin vai para o inferno”, em português e inglês. Também havia frases em russo nos cartazes.

Bandeiras da Rússia e do Brasil: governo brasileiro se mantém neutro na guerra (Foto: WikiCommons)

Depois de os cartazes terem sido colados, um membro do corpo diplomático russo rasgou o material e deu um tapa das costas de uma das moças. Ele então retornou ao prédio, mas foi chamado por um policiai militar que presenciou a agressão. Pelo vídeo, é possível ouvir o policial dizendo: “Não tem desculpas. O senhor agrediu ela”.

Segundo a reportagem da Folha, a menina agredida teria dito que não adotará nenhuma medida judicial contra o agressor porque “ele tem imunidade diplomática e não pode ser processado aqui”. Também não pretende agir na Rússia com medo de que sua família seja perseguida pelo regime de Vladimir Putin.

Repressão é padrão de Moscou

A ação repressiva do diplomata é compatível com o comportamento das autoridades russas dentro de casa, onde o governo apertou o cerco contra os opositores desde que teve início a guerra na Ucrânia, no dia 24 de fevereiro do ano passado. Por lá, uma lei do início de março de 2022 pune quem “desacredita o uso das forças armadas”, o que acaba por atingir qualquer um que conteste a invasão.

Dentro dessa severa nova legislação, os detidos têm que pagar multas que chegam a 300 mil rublos (R$ 22 mil). A pena mais rigorosa é aplicada por divulgar “informações sabidamente falsas” sobre o exército e a “operação militar especial” na Ucrânia, que é como o governo descreve a guerra. A reclusão pode chegar a 15 anos.

Desde o início da guerra, a ONG OVD-Info, que monitora a repressão estatal na Rússia, reporta mais de 19,5 mil detenções em protestos contra a guerra em todo o país, com 400 pessoas levadas ao tribunal para responder criminalmente por seus atos.

A enorme maioria dos casos, cerca de 15 mil, foi registrada no primeiro mês de guerra. Depois, houve um pico entre setembro e outubro, devido ao recrutamento. Entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, foram registradas somente 22 detenções, um sinal de que a repressão estatal tem funcionado.

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