Vigília pelas vítimas da guerra reúne cerca de cem pessoas na embaixada da Rússia

Manifestação foi organizada pelo movimento Democracia Sem Fronteiras, que condena a agressão russa e o '"genocídio" em Bucha

Cerca de cem pessoas ser reuniram no início da noite de quinta-feira (7) em frente à embaixada da Rússia em Brasília, para participar de uma vigília pelas vítimas da guerra na Ucrânia, organizada pelo movimento Democracia Sem Fronteiras (DSF). Vestidos de branco, os manifestantes exibiam cartazes com frases como “stop Putin” (parem Putin) e “stop war” (parem a guerra).

A vigília ocorreu menos de uma semana após a revelação das imagens de Bucha, na Ucrânia, onde dezenas de corpos foram encontrados por tropas ucranianas após o exército da Rússia deixar a cidade.

Em contato com A Referência, o DSF disse que a vigília não ocorreu exclusivamente em função do massacre de Bucha. “Nós do DSF somos críticos aos regimes autoritários desde que fundamos o movimento. Desde o início da guerra estamos condenando as ações do governo russo”, diz o movimento.

Entretanto, o DSF tem uma posição bem clara sobre o que ocorreu na cidade ucraniana. “Um genocídio. A guerra em si é uma coisa absurda. O presidente russo, Vladimir Putin, é um autocrata que precisa ser parado, está colocando todo o mundo em risco. As cenas dos corpos só demonstraram a verdadeira face do presidente russo. Nós, do DSF, condenamos veementemente a guerra e nos solidarizamos com o povo ucraniano”.

Vigília pelas vítimas da guerra reúne cerca de cem pessoas em Brasília (Foto: Democracia Sem Fronteiras)

Putin x Hitler

Muitos manifestantes exibiram também cartazes com o que seria uma capa da revista Time, que mostra uma foto de Putin sobreposta a outra de Hitler, associando o presidente russo ao líder nazista. A capa, porém, não é autêntica, e sim o trabalho de um artista gráfico galês que tornou-se viral na internet.

O Massacre de Bucha

Os corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas da cidade ucraniana de Bucha quando as tropas locais reconquistaram a área, três dias após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

As fotos mostram pessoas mortas com as mãos amarradas atrás do corpo, um indício de execução. Outros corpos aparecem parcialmente enterrados, com algumas partes à mostra. Há também muitos corpos em valas comuns. Nenhum dos mortos usava uniforme militar, sugerindo que as vítimas são civis.

“O massacre de Bucha prova que o ódio russo aos ucranianos está além de qualquer coisa que a Europa tenha visto desde a Segunda Guerra Mundial”, disse ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em sua conta no Twitter.

Após a divulgação das cenas chocantes, o presidente norte-americano Joe Biden pediu mais uma vez que Vladimir Putin seja julgado por crimes de guerra. “Vocês devem lembrar que fui criticado por chamar Putin de criminoso de guerra”, disse o líder norte-americano. “Bem, a verdade é que você viu o que aconteceu em Bucha. Isso garante: ele é um criminoso de guerra. Mas temos que reunir as provas”.

Moscou, por sua vez, nega as acusações. Através do aplicativo russo de mensagens Telegram, o Ministério da Defesa russo disse que, “durante o tempo em que a cidade esteve sob o controle das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta”. O texto classifica as denúncias como “outra farsa, uma produção encenada e provocação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como foi o caso em Mariupol com a maternidade“.

Entretanto, imagens de satélite da empresa especializada Maxar Technologies derrubam o argumento da Rússia. O jornal The New York Times realizou uma investigação com base nessas imagens e constatou que objetos de tamanho compatível com um corpo humano aparecem na rua Yablonska entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

Tags: