O ataque surpresa da Ucrânia contra bombardeiros estratégicos da Rússia neste mês acendeu um alerta entre militares e analistas dos EUA sobre a segurança das aeronaves americanas, inclusive em território nacional. Generais admitiram que bases aéreas dos EUA, tanto no país quanto no exterior, estão desprotegidas diante de ameaças como drones e mísseis. As informações são da rede CNN.
“É um momento que demanda atenção”, declarou o general David Allvin, chefe do Estado-Maior da Força Aérea dos EUA, durante conferência do Center for a New American Security (CNAS), em Washington. “Estamos bastante vulneráveis”, afirmou também o general aposentado Stanley McChrystal, que defendeu ações imediatas para proteger tanto as aeronaves quanto os entornos das bases militares.
Segundo o relatório mais recente, drones ucranianos infiltrados em território russo atingiram pelo menos 12 aviões — incluindo bombardeiros e aviões de vigilância — estacionados ao ar livre em quatro bases. O ataque teria causado prejuízos estimados em US$ 7 bilhões. A operação foi realizada com drones escondidos em caixas de madeira transportadas por caminhões.

Especialistas como Thomas Shugart, do think tank Center for a New American Security, alertam que os EUA enfrentam situação semelhante: a maioria das aeronaves está desprotegida, inclusive bombardeiros de alto valor como o B-2, cada um avaliado em US$ 2 bilhões. Ele lembra que um único abrigo reforçado para aeronave custa cerca de US$ 30 milhões, valor muito inferior ao de um único avião.
A questão orçamentária, no entanto, limita avanços. “Sempre soubemos que reforçar nossas bases era necessário”, disse Allvin. “Mas outros itens sempre tiveram prioridade.” Enquanto isso, projetos como o novo caça furtivo F-47, anunciado pelo presidente Donald Trump, custarão cerca de US$ 300 milhões por unidade. “O F-47 é uma aeronave incrível, mas vai morrer no chão se não o protegermos”, alertou.
Além da vulnerabilidade física, especialistas apontam falhas logísticas como outro ponto frágil. Bases como Whiteman, no Missouri, e Dyess, no Texas, onde operam bombardeiros estratégicos, ficam próximas a grandes rodovias por onde circulam milhares de caminhões diariamente, o que facilitaria infiltrações como as vistas na Rússia. “Pense em todos os contêineres e entradas ilegais em nossas fronteiras”, disse Carl Schuster, ex-diretor do Centro de Inteligência do Comando do Pacífico das Forças Armadas dos EUA.
Enquanto isso, a China protege suas próprias aeronaves com mais de 650 abrigos reforçados em áreas próximas ao Estreito de Taiwan, conforme estudo do Hudson Institute. A diferença entre as estratégias é clara, segundo Shugart e Timothy Walton, coautores do relatório: “Se os EUA melhorarem suas capacidades de ataque, forçarão a China a gastar mais com defesa e menos com projeção de poder”.