Armênia acerta a retirada de tropas russas e amplia o distanciamento em relação a Moscou

Primeiro-ministro armênio firma acordo com Putin e mostra que cada vez mais seu país pende para uma aliança com o Ocidente

O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinian, firmou nesta quinta-feira (9) um acordo com Vladimir Putin, presidente da Rússia, para que ele retire seus soldados de algumas regiões armênias. O acordo ocorre em meio a um processo de ruptura entre os dois países, com Yerenvan cada vez mais focada em sua relação com o Ocidente. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

“No outono de 2020, a pedido do lado armênio, nossas tropas foram enviadas para várias regiões armênias. Pashinian disse que atualmente, devido à mudança das condições, eles não são mais necessários, então o presidente Putin concordou, e a retirada dos nossos militares e guardas de fronteira foi acordada”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Pashinian em cúpula da Otan, julho de 2018: mais próximo do Ocidente (Foto: Divulgação/Otan)

Os militares atingidos pela decisão estão estacionados em Tavush, Syunik, Vayots Dzor, Gegharkunik e Ararat. Já os guardas de fronteira posicionados nas divisas do país com Turquia e Irã serão mantidos em suas posições.

A saídas das tropas russas é mais um passo dado pela Armênia para longe da Rússia. Em outubro do ano passado, o parlamento local irritou Moscou ao votar pela adesão do país ao Tribunal Penal Internacional (TPI), que em março daquele ano havia emitido um mandado de prisão contra Putin por ligação com a extração forçada de crianças ucranianas.

Em outro sinal de que pretende se voltar cada vez mais ao Ocidente, a Armênia recebeu em março deste ano o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que elogiou a posição pró-Ucrânia do país e prometeu apoiar sua “soberania e integridade territorial”, de acordo com o site Politico.

A questão de Nagorno-Karabakh

Um ponto decisivo para o distanciamento entre os antigos aliados foi a insatisfação de Yerevan com a posição russa em Nagorno-Karabakh, de onde a população de origem armênia foi forçada a sair após uma rápida ofensiva militar das Forças Armadas do Azerbaijão em setembro de 2023.

A derrota militar levou a Armênia a comprar briga com a Rússia, acusando-a de conivência com a ofensiva azeri. As tropas russas estavam estacionadas no enclave como parte de um acordo que encerrou um conflito de 44 dias em 202, com 6,5 mil mortos.

Moscou, porém, diz que seus combatentes não tinham autorização para intervir, por isso não atuaram para conter as forças azeris. Cerca de dois mil soldados da Rússia já haviam deixado Nagorno-Karabakh desde então, com mais de cem mil armênios forçados a se retirar.

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