Explosão reivindicada por separatistas mata mais dois cidadãos chineses no Paquistão

Vítimas atuavam em projetos ligados ao Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), iniciativa contestada por grupos radicais locais

Um ataque a bomba contra um comboio nas proximidades do Aeroporto Internacional de Jinnah, em Karachi, cidade mais populosa do Paquistão, matou dois cidadãos chineses e deixou outras sete pessoas feridas no domingo (6). As vítimas fatais trabalhavam para a empresa Port Qasim Electric Power Company Limited, da China, segundo informações da rede Radio Free Europe (RFE).

A Port Qasim atua em projetos ligados ao Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), uma iniciativa chinesa orçada em US$ 60 bilhões que visa ligar a cidade portuária de Gwadar, no Baluchistão, a Xinjiang, no noroeste da China, por meio de obras rodoviárias e ferroviárias. O acordo ainda prevê projetos de energia para atender às necessidades de abastecimento do Paquistão.

Aeroporto Internacional de Jinnah, em Karachi, no Paquistão (asuspine/WikiCommons)

O ataque foi reivindicado pelo Exército de Libertação Balúchi (ELB), um grupo radical que luta pela independência da região do Baluchistão e foi inserido em 2019 pelos EUA na lista de grupos terroristas internacionais. De acordo com as forças de segurança locais, os feridos são seis cidadãos paquistaneses e um chinês que integravam o comboio quando este deixava o aeroporto.

Separatistas como o ELB lutam por maior autonomia política do Baluchistão em relação a Islamabad e pelo direito de explorar os vastos recursos da região. Isso gerou desavenças particularmente com a China, sob a acusação de que o CPEC, anunciado em 2015, estaria sugando as riquezas da região sem melhorar as condições da população local.

Os balúchis argumentam que o projeto bilionário de infraestrutura não tem beneficiado a região, enquanto outras províncias paquistanesas colhem os frutos. O caso gera protestos generalizados, e os chineses são vistos como invasores dispostos a extrair as riquezas da região.

Em março deste ano, outro atentado realizado por separatistas balúchis tirou a vida de cinco engenheiros chineses e de um paquistanês na província de Khyber Pakhtunkhwa, no norte do Paquistão. Um carro-bomba conduzido por um terrorista suicida foi usado naquele ataque.

O ataque de março havia levado cerca de 1,2 mil cidadãos chineses a deixarem o Paquistão por medo da violência dos separatistas. Após aquele episódio, Beijing colocou pressão sobre o governo paquistanês para fornecer segurança às pessoas que atuam em projetos do CPEC, mas isso não reduziu as ações dos grupos radicais como ELB.

Após a explosão do final de semana, o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, “condenou veementemente” o incidente e ofereceu “sinceras condolências à liderança chinesa e ao povo da China”. Ele acrescentou: “O Paquistão está comprometido em proteger nossos amigos chineses. Não deixaremos pedra sobre pedra para garantir sua segurança e bem-estar.”

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