Ativistas contestam financiamento de usina de carvão em Bangladesh pela China

Usina ainda não funciona, mas já fez seis mortos, mais de 100 feridos e gerou 6 mil casos de assédio no sul de Bangladesh

Mais de 100 ativistas de 21 países assinaram uma carta endereçada ao governo da China na terça (22) para que o país interrompa o financiamento de uma usina de carvão em Banshkhali, ao extremo sul de Bangladesh.

O apelo cobra o compromisso enviado por Beijing a Dhaka em fevereiro sobre o fim do apoio aos projetos altamente poluentes no país, reportou a RFA (Radio Free Asia). No documento, o governo chinês afirma que não deve mais considerar projetos de alta poluição e consumo de energia como mineração de carvão em Bangladesh.

Polêmico desde a aprovação, em 2016, o projeto para a usina de carvão já fez 12 mortos e 100 feridos. Também há registro de mais de 6 mil casos de assédio aos trabalhadores e moradores dos arredores da usina, diz o documento.

Ativistas de 21 países pedem que China interrompa financiamento a usina de carvão em Bangladesh
Ativistas ambientais pedem pelo fim do financiamento chinês às usinas de carvão de Bangladesh, maio de 2021 (Foto: Reprodução/Twitter/BWGED)

“A população local considera o projeto uma maldição, pois não apenas vidas foram perdidas, mas 10 mil pessoas perderam suas propriedades agrícolas”, aponta a carta. O documento assinado por 129 ativistas foi entregue ao ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, e ao ministério de Relações Exteriores de Dhaka.

A maior parte do financiamento da usina sai de Beijing através do programa de infraestrutura Cinturão da Rota da Seda.

Impacto ambiental

Outra exigência é a comprovação de aspectos apresentados na Avaliação de Impacto Ambiental da usina – alegadamente falsas. Um relatório do BWGED (Grupo de Trabalho sobre Dívida Externa de Bangladesh, na sigla em inglês), apontou que o documento aprovado por Dhaka minimiza os impactos ambientais da usina na qualidade do ar.

A usina também ficaria em área próxima à floresta de Sundarbans – o maior mangue do mundo, tido como patrimônio da Unesco (Organização das Nações unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

O projeto deve começar a produzir até 1.320 MW de energia em 2023. Beijing financiou 70% do orçamento total, estimado em US$ 2,5 bilhões. A construtora à frente da usina também é chinesa: Shandong Electric Power Construction Corp, uma subsidiária da estatal PowerChina. A embaixada chinesa em Dhaka não respondeu aos pedidos de comentário.

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