A UE (União Europeia) rejeitou um pedido de ajuda financeira de Montenegro, na última quarta (14), reportou a RFE (Radio Free Europe). O país, nos Bálcãs, precisa saldar um empréstimo da China de US$ 1 bilhão, feito para um projeto rodoviário considerado polêmico.
Quando questionada sobre a possibilidade da UE arcar com a dívida de Montenegro, a porta-voz Ana Pisonero afirmou que o bloco “não paga empréstimos de terceiros”. Ainda assim, disse ela, Bruxelas se preocupa com “os efeitos que alguns investimentos da China podem ter”, como desequilíbrios econômicos e “dependência por conta da dívida“.
Montenegro, que deve reembolsar o empréstimo ao Export-Import Bank of China até julho, tem o pedido da UE rejeitado em meio a uma série de desafios políticos e financeiros, como a troca de lideranças e a recessão causada pelo novo coronavírus no país, cuja economia depende do turismo.
Apesar da rejeição, a UE ofereceu apoio a Montenegro via seu Plano de Investimento para os Balcãs – previsto em US$ 10 bilhões. Conforme Pisonero, a plataforma deve alavancar o financiamento de outros investidores públicos e privados, como o Banco Europeu, em condições “mais favoráveis”.
A China detém cerca de um quatro da dívida total de Montenegro, que chegou a 103% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020. Se o governo não pagar o empréstimo, Beijing poderá exigir terras e ativos no país como garantia. A empresa à frente do projeto é a China Road and Bridge Corporation.
A obra que descarrilhou os rumos econômicos de Montenegro, ainda atrasada, deveria ligar o porto de Bar, na costa do Adriático em Montenegro, à Sérvia. O empréstimo chinês, porém, cobre apenas os primeiros 41 quilômetros – trecho sinuoso que passa por montanhas e é repleto de pontes e túneis.
A obra
O governo montenegrino anunciou no final de 2020 que pretende finalizar o trecho ainda neste ano, após atrasos por conta da pandemia. A falta de recursos pode atrapalhar os planos de implementar o projeto, estimado em US$ 23,8 milhões por quilômetro asfaltado.
Independente desde a separação da Sérvia, em 2006, Montenegro aderiu à Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) em 2017 e tenta tornar-se membro da UE.
Já a China ganha sua influência nos Bálcãs por meio de projetos de infraestrutura e energia. Beijing também incentiva uma parceria abrangente com a Sérvia, o que permitiu a expansão de sua influência para os países vizinhos.
Como muitos países balcânicos, Montenegro mantém fortes laços com a Rússia e se aproxima da China por via do Cinturão da Rota da Seda, um vasto projeto de infraestrutura e investimento. A UE, contudo, continua sendo o principal investidor e mercado da região.