Caso de pastor libertado pela China após 18 anos tem sinais de repressão religiosa

David Lin retornou aos EUA após cumprir longa pena por fraude, acusação refutada por ele e por grupos humanitários

Preso na China desde 2006, o pastor norte-americano David Lin retornou aos EUA na segunda-feira (16), após 18 anos encarcerado. Embora tenha sido acusado de fraude, o que levou a uma sentença de prisão perpétua, o caso dele guarda características típicas de repressão religiosa por parte de Beijing. As informações são da rede CNN.

Lin foi julgado e condenado sob a acusação de ajudar na construção de um edifício que seria usado pela igreja dele. O governo afirmou que a obra não havia sido aprovada e o acusou de fraude, determinando então uma pena vitalícia de prisão.

Nos últimos anos, o presidente Joe Biden intensificou os esforços para libertar o líder religioso e outros dois cidadãos norte-americanos. São eles os empresários Kai Li e Mark Swidan, que Washington também considera terem sido presos injustamente e que seguem encarcerados.

EUA x China: disputa diplomática chega ao campo religioso (Foto: WikiCommons)

Lin, então, obteve algumas vitórias judiciais e teve a pena reduzida, com a previsão de que fosse libertado em 2029. O processo acabou acelerado, e o líder religioso já retornou aos EUA.

O crime que levou à condenação dele é frequentemente usado por Beijing para condenar líderes religiosos, de acordo com a Fundação Dui Hua, grupo de direitos humanos dos EUA que defende pessoas detidas na China. Tudo inserido no processo mais amplo de repressão religiosa sob o governo do presidente Xi jinping.

“Congratulamo-nos com a libertação de David Lin da prisão na República Popular da China”, disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA em um comunicado no domingo. “Ele retornou aos Estados Unidos e agora pode ver sua família pela primeira vez em quase 20 anos”, acrescentou o comunicado.

A China passa atualmente por um processo de “sinicização da fé”, que foi estabelecido por Xi e levou Beijing a intensificar o controle sobre a religião. No início de dezembro de 2021, no Encontro Nacional Sobre Assuntos Religiosos do Partido Comunista Chinês (PCC), o presidente deixou clara a intenção de colocar o tema sob o guarda-chuva da sigla.

“Devemos manter o trabalho religiosos na direção essencial do partido. Devemos continuar a direcionar nosso país para a sinicização da religião. Devemos continuar a pegar o grande número de crentes religiosos e uni-los em torno do partido e do governo”, disse o líder nacional no evento.

Tags: