China ameaça ‘apertar o laço’ conforme Taiwan intensifica o movimento separatista

Beijing reforça intensão de usar suas Forças Armadas caso considere que o processo pela independência da ilha saiu de controle

A tensão entre China e Taiwan escalou ainda mais nos últimos dias, com as Forças Armadas chinesas emitindo um aviso direto sobre as consequências do separatismo taiwanês. Em uma declaração do porta-voz Wu Qian, Beijing alertou que se vê forçada a “apertar o laço” em torno da ilha e impor uma “espada afiada” sobre a cabeça dos apoiadores da causa de independência, segundo informações da rede France 24.

“Quanto mais desenfreados se tornarem os separatistas da ‘independência de Taiwan’, mais apertado será o laço em torno de seus pescoços”, afirmou o porta-voz do Exército Popular de Libertação (ELP), destacando o papel ativo da força militar chinesa na luta contra o separatismo e na promoção da reunificação.

Bandeira de Taiwan em Taipé (Foto: WikiCommons)

A declaração ocorre no contexto do maior evento político anual da China, as “Duas Sessões”, onde também foi anunciado um aumento de 7,2% no orçamento de defesa para 2025, como parte de um processo de modernização acelerada das forças armadas do país.

Wu foi enfático ao afirmar que o ELP é uma força “de ação contra o separatismo”, deixando claro o compromisso de Beijing em evitar qualquer tentativa de independência formal de Taiwan.

O alerta segue uma série de declarações tensas envolvendo Taiwan e seu presidente, Lai Ching-te, que tem buscado tranquilizar tanto a ilha quanto os países da região sobre sua posição de não buscar um status formal de independência. No entanto, a autodeclaração de Lai, em 2017, como um “trabalhador pragmático pela independência de Taiwan”, foi suficiente para que Beijing o rotulasse como separatista.

Em meio a esse clima de tensão, a China continua a reforçar sua postura militar e a demonstrar que está disposta a tomar medidas mais drásticas caso a situação se agrave. “Você cavalgou com seu cavalo até a beira de um penhasco, mas atrás de você ainda há terra – se persistir no caminho errado, encontrará um beco sem saída”, advertiu Wu, uma metáfora clara sobre os riscos de um possível confronto.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.

Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

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