Navios de guerra chineses circulam a costa australiana há mais de três semanas, passando a menos de 200 milhas de Sydney e realizando exercícios militares conjuntos que incomodam também a Nova Zelândia. A movimentação inesperada chamou atenção de analistas e autoridades, que veem na estratégia de Beijing um recado claro sobre sua influência crescente no Indo-Pacífico. As informações são da rede CNN.
O governo australiano acompanha de perto os deslocamentos das embarcações chinesas, utilizando aeronaves de vigilância e navios da marinha para monitorar a situação. O ministro da Defesa, Richard Marles, afirmou que os dados serão analisados para compreender melhor os objetivos e o impacto para a segurança regional.
A China, por sua vez, minimizou as preocupações e garantiu que não representa uma ameaça à Austrália. “Como uma grande potência na região, é normal que a China envie seus navios para diferentes partes do Pacífico para realizar atividades diversas”, disse o embaixador chinês em Canberra, Xiao Qian, à emissora ABC.

A movimentação chinesa ocorre em um momento de incerteza para os aliados dos EUA na área. A recente decisão do presidente Donald Trump de suspender a ajuda militar à Ucrânia aumentou temores sobre o comprometimento de Washington com a segurança global. A medida foi vista como um sinal de alerta em capitais do Pacífico, onde muitos países dependem dos norte-americanos para conter a crescente influência chinesa.
Diante desse cenário, especialistas avaliam que Austrália e Nova Zelândia podem precisar reavaliar seus orçamentos de defesa e buscar alianças regionais mais sólidas. Drew Thompson, pesquisador da S. Rajaratnam School of International Studies, acredita que os movimentos chineses representam “um teste de determinação” para os países do Pacífico. “A China está esculpindo uma área de influência e observando se os demais países irão reagir”, afirmou.
Outro ponto de preocupação é o futuro do AUKUS, o acordo de segurança entre Austrália, Reino Unido e Estados Unidos. Em meio às mudanças na política externa americana, houve questionamentos sobre o compromisso de Washington com a parceria.
Recentemente, um repórter britânico perguntou a Trump sobre o acordo, e o presidente respondeu: “O que significa isso?”. O episódio foi interpretado como um reflexo das incertezas sobre o futuro da colaboração militar na região.
Enquanto isso, outros aliados americanos também demonstram inquietação. O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, evitou comentar a crise entre Trump e o homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky, mas enfatizou a necessidade de fortalecer laços dentro do G7. “A Ucrânia de hoje pode ser o Leste Asiático de amanhã”, alertou o japonês, sugerindo que a estabilidade da região depende de um reforço das capacidades de dissuasão militar.