A China anunciou uma série de medidas contra empresas americanas na terça-feira (4), atingindo companhias de tecnologia, moda e biotecnologia, pouco depois da entrada em vigor das novas tarifas dos EUA sobre produtos chineses. A iniciativa, que inclui investigações e sanções, intensifica a disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo, conforme relata aa agência Reuters.
O Google foi um dos alvos centrais da ofensiva de Beijing. A Administração Estatal de Regulação do Mercado da China informou que a gigante da tecnologia é suspeita de violar a lei antitruste do país e que uma investigação foi aberta. O órgão, no entanto, não detalhou quais práticas da empresa motivaram a ação.
Apesar de estar bloqueado no mercado chinês, o Google mantém parcerias comerciais no país, especialmente com anunciantes. A empresa já havia tentado uma incursão na área de inteligência artificial na China, lançando um centro de pesquisa em 2017, mas encerrou as operações dois anos depois.

Outra medida anunciada foi a inclusão da PVH Corp, controladora das marcas Calvin Klein e Tommy Hilfiger, e da empresa americana de biotecnologia Illumina em sua lista de “entidades não confiáveis”. De acordo com o Ministério do Comércio chinês, ambas adotaram “medidas discriminatórias contra empresas chinesas” e prejudicaram seus interesses legítimos.
A entrada na lista pode acarretar multas, restrições comerciais e até mesmo a revogação de permissões de trabalho para funcionários estrangeiros. A PVH declarou estar “surpresa e profundamente desapontada” com a decisão e afirmou que “mantém estrito cumprimento de todas as leis e regulamentos relevantes”. A empresa também disse esperar um desfecho positivo após diálogo com as autoridades. A Illumina não comentou o caso.
Além das restrições a empresas, a China também impôs tarifas de 10% sobre a importação de equipamentos agrícolas dos Estados Unidos, afetando fabricantes como Caterpillar, Deere & Co e AGCO. O governo chinês também taxou um pequeno número de caminhões e sedãs de grande porte vindos dos EUA.
A nova tarifa pode impactar a Tesla, que aguarda autorização para vender o Cybertruck no mercado chinês. Em dezembro, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação do país chegou a classificar o modelo como um “carro de passageiros”, mas a publicação foi rapidamente removida. Se o veículo for considerado um caminhão elétrico, a montadora de Elon Musk enfrentará a taxa adicional.
As tarifas impostas pelos chineses entram em vigor no dia 10 de fevereiro. Especialistas apontam que a nova ofensiva pode servir como uma estratégia de pressão, deixando Beijing com margem para recuar caso as negociações avancem. “Essas medidas são um alerta de que a China pretende prejudicar interesses americanos, mas ainda deixa espaço para uma solução”, avaliou a consultoria Capital Economics.
Nos últimos meses, a China tem ampliado investigações contra empresas de tecnologia dos EUA. Em dezembro, abriu um inquérito contra a Nvidia por suposta violação das leis antitruste, uma resposta às restrições americanas no setor de semicondutores. A Intel também foi alvo de um exame de segurança por um influente grupo da indústria chinesa no fim do ano passado.