Uma explosão registrada no consulado da China na cidade de Mandalay, em Mianmar, no final de semana, colocou Beijing em alerta para os riscos que seus cidadãos correm na nação do Sudeste Asiático. A bomba teria sido plantada no teto do edifício e causou apenas danos materiais, sem registro de mortos ou feridos. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).
Inicialmente, o golpe de Estado de fevereiro de 2021 foi recebido com reprovação pela China, que vinha dialogando para firmar acordos comerciais com o governo eleito e perdeu financeiramente com a queda. Mas o cenário mudou rapidamente. Para não se distanciar da junta, Beijing classificou a prisão da líder democrática Aung San Suu Kyi e de outros funcionários do governo como uma “remodelação de gabinete”, palavras usadas pela agência de notícias estatal Xinhua.

Há sinais de distanciamento gradual entre e a junta militar e o governo chinês, que inclusive pressiona os governantes para que realizem eleições. A China, entretanto, segue como um dos principais fornecedores de armas para o regime autoritário birmanês, o que irrita os opositores e sugere uma possível ação de grupos rebeldes armados na explosão do final de semana.
Na segunda-feira (21), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Li Jian condenou o ataque e pediu aos militares que “façam um esforço total para caçar e levar os perpetradores à justiça”. O consolado, por sua vez, emitiu um comunicado a cidadãos e empresas chineses no país para que ampliem as medidas de segurança.
Oficialmente, duas organizações de oposição negaram envolvimento. A Força de Defesa Popular de Mandalay, que lidera os esforços armados contra a junta na região, “disse que não realizou nenhuma missão urbana, incluindo o ataque ao escritório do consulado geral chinês recentemente”.
O Governo de Unidade Nacional (NUG, na sigla em inglês), que estabeleceu um regime paralelo em desafio à junta militar de Mianmar, também se manifestou e disse que não tem “absolutamente nada a ver com o ataque” ao consulado chinês. “Nós nunca cometemos atos terroristas e condenamos tais ataques”, afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores do NUG Moe Zaw Oo.