O governo da China afirmou nesta segunda-feira (8) que prendeu um cidadão estrangeiro, chefe de uma empresa de consultoria, acusado de espionagem para o governo do Reino Unido. O indivíduo foi apenas identificado pelo nome Huang, segundo informações da rede Bloomberg.
O Ministério da Segurança Nacional chinês afirmou que a agência de inteligência estrangeira do Reino Unido, o popular MI6, estaria por trás do caso. A nacionalidade do acusado não foi revelada, apenas a informação de que ele é cidadão de um “país terceiro”.
“O MI6 forneceu treinamento profissional em inteligência a Huang no Reino Unido e em outros lugares, e ele foi equipado com equipamento especial de espionagem para interligação de inteligência”, disse o órgão governamental chinês em comunicado.
Segundo Beijing, a relação entre Londres e Huang teria sido estabelecida em 2015, e a partir dali ele foi orientado a visitar a China em diversas ocasiões com a missão de coletar informações sensíveis e identificar alvos em potencial.
A empresa Capvision, sediada em Xangai, foi acusada de cumplicidade no caso e foi alvo de mais de uma visita de agentes das forças de segurança chinesas, como parte das investigações. Huang teria, segundo o Ministério, fornecido ao lado britânico três peças de inteligência e diversos “segredos de Estado de nível confidencial.”
Outro episódio semelhante envolvendo empresas estrangeiras ocorreu em abril do ano passado. Na ocasião, a acusação chinesa foi direcionada contra os EUA e duas empresas de consultoria, a Bain and Co. e a Mintz. Ambas igualmente receberam a visita de agentes estatais em busca de provas.
Espionagem em alta
A prisão de Huang reaquece o debate sobre a relação entre Londres e Beijing, que tem sido marcada por crescentes preocupações com espionagem e interferência dos dois lados.
Um caso emblemático foi o de Christine Ching Kui Lee, advogada baseada em Londres que foi acusada de “estabelecer ligações” para o Partido Comunista Chinês (PCC) com parlamentares britânicos.
O MI5, agência de segurança doméstica do Reino Unido, alegou que ela estava envolvida em atividades de interferência política em nome da China, incluindo a doação de fundos para apoiar o trabalho de parlamentares britânicos.
De seu lado, a China implementou recentemente uma nova lei de relações exteriores que amplia a definição de espionagem, aumentando a complexidade e os desafios para jornalistas e empresários estrangeiros que desejam operar com segurança no país.
A medida, que passou a valer em julho de 2023, parece ter como objetivo fornecer uma base legal para punir indivíduos e organizações que representem uma ameaça aos interesses chineses. Assim, a definição de espionagem foi ampliada e passou a incluir o acesso a documentos, dados, materiais ou itens relacionados à segurança e interesses nacionais.