China e Índia dialogam sobre cooperação, mas evitam mencionar disputa na fronteira

Reunião em Beijing reforça estabilidade recente e retomada de peregrinações ao Tibete após tensões militares na região dos Himalaias

Os principais diplomatas de China e Índia discutiram medidas de cooperação mútua durante um encontro em Beijing na segunda-feira (28), mas evitaram abordar publicamente a histórica disputa de fronteira nos Himalaias. A informação é da agência Associated Press (AP).

O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, enfatizou a necessidade de colaboração: “Devemos aproveitar a oportunidade, encontrar um ponto de equilíbrio, explorar medidas mais substanciais e nos esforçar para compreender, apoiar e alcançar um ao outro, em vez de desconfiar, alienar ou consumir um ao outro.”

O representante indiano, Vikram Misri, destacou que os países “geriram e resolveram adequadamente diferenças e promoveram a retomada da cooperação prática em vários campos.”

O premiê da Índia, Narendra Modi, e o presidente da China, Xi Jinping, em encontro dos líderes do BRICS, outubro de 2024 (Foto: pmindia.gov.in)

Entre os avanços anunciados, Índia e China concordaram em retomar as peregrinações ao Monte Kailash, no Tibete, um dos locais mais sagrados para o hinduísmo e o budismo. Essas viagens haviam sido suspensas em 2020 devido à pandemia de Covid-19.

As relações entre os dois países têm mostrado sinais de estabilidade desde que seus líderes se reuniram em 2024, à margem de uma cúpula multinacional na Rússia. Na ocasião, anunciaram um acordo sobre patrulhas militares na Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês), fronteira disputada que atravessa os Himalaias.

Disputa histórica

A desavença entre China e Índia começou com uma troca de acusações sobre desrespeito mútuo à LAC. Então, em 15 de junho de 2020, a paz foi definitivamente quebrada em Ladakh, com 20 soldados indianos e quatro chineses mortos em combates corporais entre as tropas das duas nações. O confronto envolveu basicamente paus e pedras, sem nenhum tiro ter sido disparado.

Embora não tenham ocorrido novos choques desde então, a LAC era altamente militarizada até recentemente, com cerca de cem mil soldados estacionados em postos avançados remotos. antes do pacto, a região era uma das áreas mais tensas do mundo, com qualquer fagulha capaz de iniciar um conflito mais amplo entre países com arsenais nucleares.

Os conflitos também impactaram as relações econômicas. A Índia restringiu investimentos chineses e baniu aplicativos como o TikTok, citando preocupações de privacidade e segurança nacional. Apesar disso, o comércio bilateral continuou a crescer, favorecendo amplamente a China.

Produtos chineses seguem dominando o mercado indiano, enquanto estudantes e profissionais indianos buscam oportunidades na China, especialmente na área médica.

Ainda assim, tensões persistem em torno da LAC, que separa territórios controlados por Índia e China, de Ladakh, ao oeste, até Arunachal Pradesh, ao leste. A China reivindica Arunachal Pradesh como parte de seu território, enquanto a Índia reforça sua soberania na região.

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