China e Paquistão realizam exercício naval conjunto e causam preocupações na Índia

Para especialistas, cooperação naval entre os países pode representar uma dor de cabeça para Nova Délhi

China e Paquistão deram início no domingo (10) a um exercício marítimo conjunto em um porto militar na cidade de Xangai. A operação, que irá se estender por quatro dias, tem como objetivo reforçar a cooperação naval entre os países e pode ser uma dor de cabeça para a Índia, na opinião de analistas. As informações são da rede Radio Free Asia.

Segundo relatou o PLA Daily, jornal do Exército de Libertação Popular (ELP), a Marinha chinesa enviou um submarino, três navios de guerra e quatro aeronaves para os exercícios de codinome Sea Guardians-2 (Guardiões do Mar, em tradução literal), que teve sua primeira realização em janeiro de 2020 no Mar da Arábia do Norte.

Já Islamabad enviou a fragata Taimur, o segundo dos quatro poderosos navios Type 054A/P construídos por Beijing para a marinha do Paquistão. O país também assinou um acordo multibilionário para adquirir oito submarinos chineses até 2028.

Fragata Taimur é equipada com armas e sensores de ponta (Foto: Pakistan Navy/Reprodução Twitter)

Liu Wensheng, porta-voz da Marinha, disse que os esforços conjuntos visam ao aprimoramento da cooperação em defesa, troca de conhecimentos e experiências e “aprofundar a amizade tradicional entre os dois países e forças armadas”.

“(O exercício) foi organizado de acordo com o plano anual de cooperação militar das duas marinhas, e não tem nada a ver com a situação regional e não é direcionado a terceiros”, afirmou Liu.

Os próximos dias serão de cursos de treinamento, incluindo ataques conjuntos contra alvos marítimos, manobras táticas conjuntas, guerra antissubmarina conjunta e apoio conjunto a embarcações danificadas, segundo detalhou a mídia do ELP.

Segundo a imprensa indiana, nos últimos anos, a cooperação militar sino-paquistanesa esteve mais concentrada nas marinhas, já que “a China aumentou gradualmente sua presença naval no quintal da Índia, o Oceano Índico”.

A agência Press Trust of India (PTI) destacou a importância estratégica do Mar Arábico, que concentra muitos dos principais portos indianos e é porta de entrada para o Oceano Índico, onde a China recentemente estabeleceu uma base logística em Djibuti, no Chifre da África.

Beijing também adquiriu o controle operacional da cidade portuária de Gwadar, no Mar da Arábia, como parte do Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), anunciado em 2015. Com um orçamento de US$ 60 bilhões, o CPEC projeta ligar Gwadar, no Baluchistão, a Xinjiang, no noroeste da China, por meio de obras de rodovias e ferrovias. O acordo ainda prevê projetos de energia para atender às necessidades de abastecimento do Paquistão. Para separatistas paquistaneses, o projeto está sugando as riquezas da região sem melhorar as condições da população local.

“O CPEC existe principalmente para estender e fortalecer o alcance da China ao IOR (Região do Oceano Índico) e essa é uma das razões, além das questões de soberania, pela qual a Índia se opõe ao CPEC”, disse o analista indiano Sana Hashmi, acrescentando que os crescentes laços sino-paquistaneses “irão reforçar ainda mais o Quad e incentivá-los a fortalecer a cooperação marítima”.

O Quad, como é conhecido o Quadrilateral Security Dialogue (Diálogo de Segurança Quadrilateral, em tradução literal), que reúne Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos, tem sido alvo de críticas de Beijing, que alega que o grupo é uma espécie de “Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) asiática”. Os países rejeitam as críticas.

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