China é suspeita de esconder chip de rastreamento em carro do governo britânico

Dispositivo estava em uma peça produzida por um fornecedor chinês e foi encontrado durante uma vistoria minuciosa

Atento à ameaça de espionagem da China, o governo britânico realizou recentemente um pente-fino em parte de sua frota de veículos e localizou um chip de rastreamento escondido em um dos automóveis vistoriados. O acessório, capaz de transmitir dados de localização, estava em uma peça importada por uma montadora de um fornecedor chinês, levantando a suspeita de que Beijing o usasse para mapear a movimentação de autoridades no Reino Unido. A revelação foi feita pelo site iNews.

Segundo duas autoridades do setor de inteligência britânico, cujas identidades não foram reveladas, os carros que passaram pela vistoria são usados para transportar ministros e diplomatas. Uma das fontes afirmou que o chip é capaz de rastrear a movimentação do automóvel e enviar dados aos fornecedores chineses, que são estatais.

Rei Charles desfila em seus Rolls Royce pelas ruas de Cardiff, País de Gales (Foto: WikiCommons)

Uma das autoridades afirmou que os carros foram “desmontados cirurgicamente até a última porca e parafuso” por agentes de inteligência. E “coisas bastante perturbadoras” foram encontradas. O chip, de acordo com ele, permitiria espionar o governo por um período de meses e anos, registrando movimentos constantemente e construindo assim um perfil detalhado da atividade do usuário.

“Você pode fazer isso devagar e metodicamente por um tempo muito, muito longo. Essa é a vulnerabilidade”, declarou a fonte.

De acordo com especialistas, empresas chinesas são peça importante na cadeia de suprimentos que alimenta a indústria automobilística. Por exemplo, BMW, Volkswagen, Volvo e Jaguar Land Rover fizeram parceria com a China Unicom para desenvolver conectividade 5G em carros, a fim de transmitir informações em tempo real com base na tecnologia de nuvem. a companhia em tela.

Ameaça sistêmica

O episódio levou Iain Duncan Smith, membro do parlamento pelo Partido Conservador, a engrossar o tom contra Beijing. “Não sei quanto mais o Reino Unido precisa saber sobre a ameaça que a China representa para todos nós”, disse ele. “Certamente é hora de mudar a revisão integrada e se referir à China como uma ameaça sistêmica”.

Já um oficial veterano de inteligência afirmou que o caso mostra que os tentáculos do Partido Comunista Chinês (PCC) estão por todo lado. “Os chineses podem rastrear nossos políticos se quiserem? Sim. Os russos podem rastrear nossos políticos se quiserem? Sim”, disse ele, que foi além. “Eles podem ouvir o que estão fazendo nos carros? Se eles os estão rastreando e querem fazer isso, é claro que podem”.

Em novembro de 2021, Richard Moore, chefe do Serviço Secreto de Inteligência britânico (MI6), já havia colocado a China como uma das quatro prioridades da espionagem do Reino Unido, ao lado de Rússia, Irã e do terrorismo islâmico. Ele se justificou com base no apoio chinês a “ações ousadas e decisivas”, espionando o Reino Unido e seus aliados e atuando para distorcer o discurso público.

A embaixada chinesa em Londres emitiu um comunicado contestando a denúncia. “A China não tem necessidade nem interesse em coletar informações sobre a localização de veículos britânicos”, disse um porta-voz do órgão. “Somos firmemente contra os movimentos de algumas pessoas para estender deliberadamente o conceito de segurança nacional para desgastar as empresas chinesas”.

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