China intensifica presença naval no Pacífico e realiza simulações de ataque com porta-aviões

Movimentação envolve dezenas de navios de guerra e exercícios com munição real e gera reações de Japão, Taiwan e Filipinas

A China ampliou significativamente suas atividades navais no leste da Ásia neste mês, enviando uma quantidade incomum de embarcações militares e da Guarda Costeira para áreas próximas a Taiwan, às ilhas do sul do Japão e ao Mar da China Meridional. Segundo documentos militares e autoridades de segurança regional ouvidas pela agência Reuters, os deslocamentos visam aumentar a pressão sobre os países da chamada “primeira cadeia de ilhas” — uma linha estratégica que vai do Japão até Bornéu.

Nos dias 21 e 27 de maio, foram registradas as maiores movimentações: cerca de 60 e 70 navios, respectivamente, a maioria deles da Marinha chinesa, incluindo destróieres e fragatas com mísseis guiados, bem como embarcações da Guarda Costeira. A operação envolveu ainda os dois principais grupos de porta-aviões do país, o Shandong, posicionado no Mar da China Meridional, e o Liaoning, ao largo da costa sudeste de Taiwan.

“Eles estão exercendo pressão sobre toda a primeira cadeia de ilhas em meio a incertezas geopolíticas globais”, afirmou uma das fontes ligadas à segurança regional. O mesmo oficial acrescentou que os exercícios liderados pelo Liaoning simularam ataques contra navios e aeronaves estrangeiros nos mares do Leste da China e Amarelo. “Estão tentando reforçar sua dominância”, declarou.

Navio da Guarda Costeira chinesa (Foto: Philippine Coast Guard/Reprodução Facebook)

Além das patrulhas com navios de guerra, a China declarou nas últimas duas semanas áreas para exercícios com munição real ao longo de sua costa. Na quarta-feira da semana passada (21), a televisão estatal chinesa exibiu imagens de exercícios anfíbios na província de Fujian, localizada em frente a Taiwan, embora o local exato da operação não tenha sido informado.

A movimentação chinesa também gerou resposta do Japão, que monitora a trajetória do Liaoning e de suas embarcações acompanhantes pelas ilhas do sul do país em direção ao Pacífico ocidental. “O governo japonês pretende manter vigilância estreita sobre esses movimentos e fará o máximo para conduzir atividades de monitoramento e vigilância”, afirmou o secretário-chefe do gabinete japonês, Yoshimasa Hayashi.

Em resposta, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, declarou que as operações navais do país estão de acordo com a lei internacional e que o Japão deveria “enxergar essas ações de forma objetiva e racional”.

A tensão no Mar da China Meridional também se intensificou, com o Ministério das Relações Exteriores chinês pedindo que as Filipinas “cessem imediatamente as provocações e infrações”. Para o porta-voz da Marinha filipina, almirante Roy Vincent Trinidad, a “presença ilegal” da China nas zonas marítimas do sudeste asiático “tem perturbado a paz na região e contraria os pronunciamentos de sua ‘ascensão pacífica’”.

O aumento das atividades militares chinesas coincide com o aniversário de um ano de mandato do presidente taiwanês Lai Ching-te, classificado por Beijing como “separatista”. Desde sua posse, a China já realizou três grandes rodadas de exercícios militares ao redor da ilha. Na quarta (28), o Ministério da Defesa de Taiwan confirmou a presença do Liaoning próximo à costa e declarou que elevará o nível de prontidão de combate de acordo com o grau da ameaça

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