China quer provar que já superou o Ocidente em tecnologia militar

Na celebração dos 80 anos da vitória sobre o Japão que ocorre nesta semana, Beijing irá exibir drones de combate, mísseis hipersônicos e armas a laser

A China realiza na próxima quarta-feira (3), na Praça da Paz Celestial, em Beijing, um dos desfiles militares mais aguardados e politicamente simbólicos dos últimos anos. A cerimônia celebra o 80º aniversário da vitória sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial, mas vai além de uma homenagem histórica: servirá como demonstração de força e aviso ao mundo sobre as ambições militares de beijing. As informações são da Wired.

O presidente Xi Jinping comandará a solenidade, que contará com a presença de líderes estrangeiros, entre eles Vladimir Putin. A participação do presidente russo, em meio à guerra na Ucrânia, já levou embaixadores europeus a considerar se deveriam boicotar o evento para não contribuir com a legitimação internacional do Kremlin.

Militares chineses (Foto: WikiCommons)
Exibição de novas armas

O desfile terá duração de 70 minutos e reunirá mais de 10 mil militares, 100 aeronaves e centenas de veículos terrestres. O governo chinês promete exibir mais de 100 modelos de sistemas de armas, todos produzidos no país e em operação, incluindo mísseis hipersônicos, drones de combate, sistemas de guerra eletrônica e armamentos de energia dirigida, armas que não usam projéteis convencionais (como balas ou mísseis), mas sim feixes concentrados de energia para atingir e destruir o alvo.

Entre os destaques estão os novos mísseis da série YJ, desenvolvidos para atingir grandes unidades navais americanas, em especial porta-aviões. O arsenal faz parte da estratégia chinesa de criar “bolhas defensivas” capazes de dificultar o acesso de forças inimigas ao Mar do Sul da China, ao Estreito de Taiwan e ao Pacífico Ocidental.

Beijing também deve apresentar avanços em mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), como o DF-41, com alcance superior a 12 mil quilômetros e capacidade para transportar até dez ogivas nucleares, além do JL-3, lançado de submarinos da nova classe Tipo 096.

Drones e guerra eletrônica

Outro ponto aguardado é a possível estreia do drone furtivo FH-97, apelidado de “asa leal”. Projetado para atuar em conjunto com caças tripulados, ele pode executar missões de reconhecimento, ataque e guerra eletrônica. Se confirmado, será o primeiro drone desse tipo declarado pronto para combate no mundo.

A China também deve exibir armas de energia dirigida, como lasers e micro-ondas, e sistemas de bloqueio eletrônico, capazes de neutralizar radares, satélites e mísseis inimigos. A intenção é clara, de acordo com a publicação: mostrar que, em áreas estratégicas, o país não apenas alcançou as potências ocidentais, mas já busca ultrapassá-las.

Data simbólica

O 3 de setembro é celebrado na China como o Dia da Vitória da Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa. A data foi oficializada em 2014 e marca a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, em 1945. Desde então, o governo chinês utiliza a ocasião não apenas para homenagear os veteranos, mas também para reforçar a narrativa de unidade nacional e projetar sua força militar.

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