Um laboratório ligado ao Exército de Libertação Popular (ELP) da China realizou uma simulação na qual a infraestrutura aeroespacial foi usada para viabilizar um ataque de mísseis hipersônicos contra um porta-aviões norte-americano. As informações são do jornal South China Morning Post (SCMP).
O cientista Liu Shichang, do Laboratório de Ciência e Tecnologia em Controle de Informações Eletrônicas, coordenou o projeto, que vinha sendo mantido em segredo. O estabelecimento atua no desenvolvimento de equipamentos de guerra eletrônica para o ELP.
Segundo Liu, a simulação usou a infraestrutura aeroespacial chinesa para suprimir os sinais dos radares dos navios de escolta das Forças Armadas dos EUA. Assim, permitiu que os mísseis hipersônicos chineses viajassem até o alvo sem serem detectados a tempo de uma resposta eficiente.
Na simulação, satélites de baixa órbita foram posicionados acima do porta-aviões, cujo alcance de ataque é de até mil quilômetros, considerando os jatos que transporta. Já os mísseis hipersônicos foram disparados de uma distância de 1,2 mil quilômetros, e os radares só os detectaram a cerca de 50 quilômetros do alvo, tarde demais para serem contidos.
“Com a evolução do conceito de guerra e o avanço da tecnologia, o espaço tornou-se um novo patamar de comando ferozmente disputado pelas potências militares mundiais”, afirmou Liu.
A partir dos resultados obtidos nos testes, a avaliação dos cientistas é de que bastariam dois ou três satélites para obter sucesso na ofensiva. Já um eventual ataque global, seguindo os mesmos princípios, seria possível com 28 satélites.
O teste também sugere que os radares norte-americanos são obsoletos. Foi considerado no exercício o modelo SPY-1D, usado desde os anos 1970 e que, segundo a fabricante Lockheed Martin, pode permanecer em serviço até 2060. A China alega conhecer bem o sistema, o que viabilizou a simulação.
O que anima o ELP é o fato de que um ataque à distância contra um grupo de porta-aviões é muito difícil de ser realizado com sucesso. Com base no desfecho das manobras, entretanto, Liu diz que é possível atingir o alvo mesmo a 1,2 mil quilômetros.
Para se ter ideia do avanço que isso representa, uma simulação realizada no ano passado, sem o uso da infraestrutura aeroespacial chinesa, mostrou que os mísseis hipersônicos chineses seriam identificados pelos radares logo no lançamento, dando tempo aos EUA para ativarem suas defesas antiaéreas.