A China aproveitou o desfile militar de 3 de setembro, no chamado “Dia da Vitória”, para exibir parte do arsenal mais avançado do seu Exército de Libertação Popular (ELP) . O evento, realizado em Beijing, apresentou armamentos que, segundo especialistas, refletem o esforço acelerado de modernização das forças armadas chinesas e a tentativa de consolidar o país como potência militar global. As informações são da agência Anadolu.
Entre as novidades, cinco equipamentos foram destacados pelo pesquisador Jingdong Yuan, do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, da sigla em inglês): o míssil balístico intercontinental DF-61, o míssil hipersônico DF-17, o míssil de cruzeiro antinavio YJ-12, o caça embarcado J-15T e o avião de alerta antecipado KJ-600 AWACS.

Alcance intercontinental
O DF-61 foi apresentado como uma evolução da família de mísseis Dongfeng, capaz de carregar múltiplas ogivas nucleares e atingir o território continental dos Estados Unidos. Para analistas, a arma simboliza a intenção de Pequim de reforçar sua capacidade de dissuasão nuclear.
Velocidade hipersônica
O DF-17, míssil hipersônico que pode alcançar velocidades entre Mach 6 e Mach 10, representa outro avanço estratégico. Sua capacidade de manobra dificulta a interceptação, criando um desafio adicional para os sistemas de defesa dos EUA e de seus aliados no Pacífico.
Controle do mar
O YJ-12, míssil de cruzeiro antinavio, confirma a prioridade chinesa em expandir sua presença naval. Com alcance suficiente para ameaçar porta-aviões e grandes embarcações inimigas, o armamento fortalece a estratégia de antiacesso no Mar da China Meridional.
Superioridade aérea
O caça J-15T, projetado para operações em porta-aviões, evidencia a ambição de Beijing de ampliar sua aviação embarcada. Já o KJ-600 AWACS, aeronave de alerta antecipado, amplia a capacidade de monitoramento e comando no ar, garantindo maior coordenação em cenários de combate.
Recado estratégico
Segundo especialistas, o conjunto dessas armas envia uma mensagem clara: a China busca mostrar que está preparada para enfrentar qualquer adversário, especialmente os Estados Unidos. O desfile militar, realizado no mesmo momento em que o país reforça sua cooperação estratégica com Rússia e Coreia do Norte, destacou também a integração de tecnologias civis e militares, com uso crescente de drones e sistemas autônomos.
Capacidade militar ampliada
Em setembro de 2024, o ELP realizou seu primeiro teste de míssil balístico intercontinental no Pacífico em quatro décadas, demonstrando que, apesar dos desafios internos, sua capacidade bélica permanece significativa.
Porém, a rápida modernização também trouxe à tona problemas estruturais. O Departamento de Defesa dos EUA identificou falhas em silos de mísseis e sistemas de lançamento, além de práticas fraudulentas em programas de aquisição de armamentos. Esses problemas levantam dúvidas sobre a capacidade do ELP de cumprir os prazos de Xi Jinping para se tornar uma força militar de primeira linha.
A comunidade internacional observa com atenção o impacto potencial dessas questões. Enquanto a China mantém exercícios militares frequentes e crescentes no Pacífico Ocidental, aliados dos EUA na região sentem a pressão. A continuidade das investigações e expurgos pode desacelerar os avanços do ELP, mas especialistas acreditam que a determinação de Xi em alcançar suas metas permanece inabalável.
O objetivo final da campanha anticorrupção é garantir que o ELP possa modernizar no cronograma estipulado por Xi. Mesmo com alguns obstáculos, a China já demonstrou avanços substanciais, de acordo com Hart. A dúvida que persiste é se esses esforços serão suficientes para alcançar as capacidades projetadas até 2027.