Imagens de satélite recentes revelam que a Coreia do Norte está construindo um segundo grande navio de guerra no Estaleiro Chongjin, possivelmente o maior já desenvolvido pelo país. Especialistas sugerem que o projeto faz parte de um esforço para fortalecer as capacidades navais norte-coreanas, possivelmente em colaboração com a Rússia. As informações são da Radio Free Asia.
O Estaleiro Chongjin, um dos mais importantes do país, historicamente produziu cargueiros, balsas e embarcações de patrulha, incluindo veículos semissubmersíveis usados para infiltração na Coreia do Sul. Entretanto, nos últimos dez anos, grandes construções navais não haviam sido registradas em suas instalações ao ar livre.
A montagem das seções estruturais do novo navio começou em maio de 2024. Segundo a SI Analytics nK Insight uma empresa sul-coreana especializada em soluções de análise de imagens de satélite baseadas em inteligência artificial, o casco inferior tem cerca de 117 metros de comprimento e 16 metros de largura, com possibilidade de expansão.

Camuflagem e sigilo
Uma característica incomum observada foi a instalação de uma cobertura metálica rígida sobre a embarcação em construção. Essa estrutura, detectada pela primeira vez em dezembro, difere das lonas convencionais e pode ter sido projetada para dificultar a observação por satélites e sensores de radar.
“A adoção dessa camuflagem metálica indica um esforço deliberado para proteger a construção do navio da vigilância”, afirmou a nK Insight. “Isso reflete a estratégia norte-coreana de aumentar o sigilo em relação aos seus avanços militares.”
Além disso, imagens de satélite mostram que, apesar de uma forte nevasca no início de fevereiro, a área externa do estaleiro permaneceu limpa, sugerindo a alta prioridade dada ao projeto.
Expansão naval e cooperação com a Rússia
O fortalecimento da indústria naval norte-coreana ocorre em meio ao aumento da cooperação militar com a Rússia. Analistas apontam que essa parceria pode ser crucial para a integração de sistemas de comando e controle nos novos navios, um processo que pode demandar tempo significativo.
“A construção de um segundo grande navio de guerra representa uma expansão sem precedentes da capacidade naval da Coreia do Norte”, destacou a nK Insight. “Se essas embarcações forem efetivamente destinadas ao combate, elas poderão alterar o equilíbrio militar na Península Coreana e desafiar as forças combinadas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.”
Ainda que exista a possibilidade de que o novo navio seja um cargueiro ou outro tipo de embarcação civil, a combinação de medidas de segurança, suas dimensões e o ritmo acelerado de construção indicam fortemente que se trata de um navio militar. Além disso, a instalação de uma cerca antipoluição nas águas ao redor do estaleiro reforça a evidência de um processo de construção ativo e prioritário.
Atualmente, a maior embarcação de guerra da Coreia do Norte é uma fragata de 1,5 mil toneladas equipada com mísseis antinavio.
Construção em Nampo
Paralelamente, a Coreia do Norte iniciou a construção de uma fragata de 4 mil toneladas no estaleiro de Nampo, no oeste do país. Segundo o exército sul-coreano, o navio será equipado com um sistema de lançamento vertical, tornando-se, até então, a maior embarcação de guerra construída pelo regime norte-coreano.
“Pelo tamanho do navio, estima-se que ele seja capaz de transportar mísseis antinavio”, afirmaram os militares sul-coreanos. No entanto, especialistas acreditam que a conclusão da fragata pode levar anos e sua plena operação pode demorar mais de uma década.
Yu Yong-weon, jornalista militar sul-coreano e atual legislador, apontou que a embarcação ainda não está equipada com um sistema de combate, mas alertou que sua capacidade de lançar mísseis pode representar uma nova ameaça na região.
A confirmação da construção ocorreu após a mídia estatal norte-coreana divulgar imagens de Kim Jong-un inspecionando o estaleiro de Nampo. Durante a visita, o líder norte-coreano enfatizou a importância da modernização da marinha para garantir a soberania marítima do país e fortalecer sua prontidão militar.