Disputa no Mar da China Meridional causa devastação nos recifes de coral, aponta relatório

Estudo indica que Beijing foi responsável pela mais significativa degradação de recifes, envolvendo práticas como dragagem, aterros e captura de moluscos

Um novo relatório da Iniciativa de Transparência Marítima da Ásia (AMTI, na sigla em inglês), divulgado na segunda-feira (18), revela que a disputa territorial no Mar da China Meridional resultou em impactos devastadores para os recifes de coral. Entre as principais conclusões, a de que mais de 25 quilômetros quadrados de recifes foram destruídos devido a construções de ilhas artificiais, sendo a China responsável por 75% dos danos, segundo informações da rede Radio Free Asia (RFA).

O aumento da pesca, dragagem e aterro, além da colheita de moluscos gigantes, é apontado como responsável por causar danos significativos a milhares de espécies únicas na região.

O estudo detalha que a pesca industrial executada por China e Vietnã, especialmente através do arrasto de fundo – na qual uma grande e pesada rede é arrastada ao longo do fundo do oceano para recolher tudo o que estiver em seu caminho –, causou danos significativos ao ambiente marinho. Estudos científicos mostram que esse método mata grande número de corais, esponjas, peixes e outros animais.

Peixe-sapo habita um recife de coral nas Filipinas, no Mar da China Meridional (Foto: WikiCommons)

Em termos gerais, o relatório indica que os recursos pesqueiros no Mar da China Meridional estão esgotados, levando a uma estagnação na captura de peixes desde os anos 1990, mesmo com o aumento dos esforços na atividade pesqueira.

Ecossistemas marinhos em risco

Os pesquisadores da AMTI também alertam para a alarmante destruição de recifes de coral causada por atividades de construção de ilhas por China, Vietnã, Malásia, Filipinas e Taiwan na região.

Essas formações são essenciais aos ecossistemas marinhos, proporcionando habitats complexos e diversificados para várias formas de vida marinha. Esses recifes não apenas sustentam uma rica biodiversidade de peixes, moluscos e outros organismos marinhos, mas também oferecem proteção costeira contra tempestades e ondas.

Os países citados, juntamente com Brunei, reivindicam porções da região, sendo a China quem faz as reclamações mais abrangente. Para consolidar suas reivindicações, Beijing tem estabelecido postos avançados no mar e criado novas ilhas, utilizando métodos invasivos como dragagem do leito marinho para aterro.

O relatório destaca que Beijing causou a maior destruição de recifes, enterrando cerca de 18,8 quilômetros quadrados por meio de dragagem e aterro para construir ilhas artificiais. O Vietnã ocupa o segundo lugar, afetando 5,7 quilômetros quadrados. As atividades chinesas ocorreram principalmente entre 2013 e 2017, culminando em 2022 com a militarização completa dos recifes Subi, Mischief e Fiery Cross.

Moluscos gigantes

Além da dragagem e do aterro, o relatório da AMTI destaca outro fator destrutivo: a captura de moluscos gigantes. Essa prática, impulsionada pela busca por conchas semelhantes ao marfim de elefante, causou danos significativos em extensas áreas de recifes de coral.

As conchas, vendidas como joias ou estátuas na China a preços elevados, podem alcançar até US$ 106 mil (mais de R$ 516 mil) por unidade esculpida, revelam os pesquisadores.

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