Em sinal de força endereçado a Beijing, EUA lançam patrulha no Mar da China Meridional

Um navio norte-americano se juntou a outro das Filipinas para manobras em uma área reivindicada pelo governo chinês

As Forças Armadas norte-americanas reforçaram nos últimos dias seu compromisso de defender as Filipinas da ameaça de Beijing no Mar da China Meridional. Em um sinal de força claramente endereçado ao governo chinês, os EUA lançaram no final da semana passada uma patrulha militar nas águas disputadas, onde se acumulam episódios de assédio de embarcações da China contra navios comerciais, pesqueiros e até militares filipinos. As informações são da revista Newsweek.

“Acolhemos com satisfação qualquer oportunidade de realizar atividades marítimas com os nossos aliados. Navegar e operar juntos demonstra nosso compromisso em melhorar nossa interoperabilidade e coordenação contínua com as Forças Armadas das Filipinas”, disse o capitão Sean Lewis da Marinha dos EUA.

As manobras ocorreram na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) das Filipinas, que compreende até 200 milhas náuticas da costa do país, e contaram com um navio e um helicóptero de cada país.

Navios da Marinha dos EUA na região do Indo-Pacífico (Foto: WikiCommons)

As Forças Armadas norte-americanas, em comunicado, classificaram as manobras como uma manifestação de fortalecimento dos “laços entre as nações aliadas e parceiras”, com o objetivo de garantir “segurança e estabilidade marítima” no Indo-Pacífico.

Filipinas e China reivindicam grandes extensões do Mar da China Meridional, que é uma das regiões mais disputadas do mundo. VietnãMalásiaBrunei e Taiwan também estão inseridos na disputa pelos ricos recursos naturais da hidrovia.

A China é acusada de avançar sobre a jurisdição territorial dos demais países, construindo ilhas artificiais e plataformas de vigilância e incentivando a saída de pesqueiros para além de seu território marítimo. O objetivo dessa política é aumentar de forma gradativa a soberania chinesa no Mar da China Meridional.

No caso específico da relação entre Beijing e Manila, têm se repetido episódios de assédio de navios chineses a embarcações filipinas, tanto militares quanto civis, inclusive com colisões registradas.

A ação mais frequente da China é para impedir que embarcações filipinas façam o reabastecimento de uma posição militar nas Ilhas Spratly, arquipélago disputado pelas nações. Trata-se de um antigo navio encalhado e ocupado por Manila em uma área que Beijing alega ser seu território. Navios de pesca também são habitualmente impedidos de atuar por ali.

Embora os EUA não tenham reivindicações territoriais na área, há décadas o governo norte-americano tem enviado navios e aeronaves da Marinha para realizar patrulhas, com o objetivo de promover a navegação livre nas vias marítimas ​​internacionais e no espaço aéreo.

Segundo John C. Aquilino, almirante da Marinha dos Estados Unidos e chefe do Comando Indo-Pacífico, a razão da presença de Washington na região é “prevenir a guerra por meio da dissuasão e promover a paz e a estabilidade, inclusive envolvendo aliados e parceiros americanos em projetos com esse objetivo.”

Já a atuação de Beijing, de acordo com o almirante, é preocupante. “Acho que nos últimos 20 anos testemunhamos o maior acúmulo militar desde a Segunda Guerra Mundial pela República Popular da China”, afirmou. “Eles avançaram todas as suas capacidades, e esse acúmulo de armamento está desestabilizando a região”.

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