Empresa chinesa SpaceSail planeja desbancar a norte-americana Starlink no Brasil

Proposta de estatal chinesa surge após Elon Musk entrar em confronto com o Judiciário brasileiro X devido à rede social X

A estatal chinesa SpaceSail, especializada em satélites de órbita baixa (LEO), anunciou sua intenção de lançar um serviço de internet via satélite para concorrer diretamente com a Starlink de Elon Musk no Brasil. O movimento marca mais uma expansão da influência da China na América Latina, em um contexto de crescente rivalidade entre os EUA e Beijing. As informações são do Financial Times.

O anúncio foi feito durante a visita de Estado do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, onde firmou uma parceria estratégica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O acordo prevê o desenvolvimento de serviços de internet de alta velocidade através de satélites em órbita baixa da Terra, com foco em áreas remotas e carentes de infraestrutura de fibra óptica.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e presidente da República Popular da China, Xi Jinping, durante Cerimônia de Assinatura de Atos em 2023 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A SpaceSail, em colaboração com a Telebrás, empresa estatal brasileira de telecomunicações, tem como objetivo fornecer comunicação via satélite e serviços de banda larga a partir de 2026. A iniciativa busca atingir regiões do país ainda não atendidas por redes terrestres, ampliando o acesso à internet em um território vasto e de difícil acesso.

O projeto surge em um momento delicado para a Starlink no Brasil. A empresa de Musk se envolveu em um embate com o governo brasileiro após se recusar a seguir ordens judiciais para remover contas associadas à disseminação de conteúdo extremista na plataforma X (antigo Twitter). Em consequência, a Starlink foi forçada a pagar multas e enfrentou ameaças de perder sua licença no país.

A SpaceSail, por sua vez, promete ser uma parceira confiável e de longo prazo para o Brasil. “Nosso compromisso é contribuir para o desenvolvimento digital do Brasil e atender às necessidades de conectividade em todas as regiões”, afirmou o CEO da empresa, Jie Zheng, em coletiva de imprensa.

Este movimento de Beijing no Brasil é uma resposta ao domínio crescente de empresas de tecnologia americanas, como a Starlink, no mercado de internet via satélite, onde a companhia de Musk detém quase 50% do mercado na América Latina.

Com a China se consolidando como uma potência no setor de tecnologia e inovação, o Brasil se posiciona como um campo de batalha estratégico para as potências globais, enquanto busca alternativas que aumentem a competitividade e melhorem o acesso à internet no país.

Mal-estar

Durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Rosângela Lula da Silva, mais conhecida como Janja, esposa do presidente brasileiro, ofendeu Musk em um evento sobre regulamentação de mídia social. Após se assustar com uma buzina de navio, a primeira-dama declarou: “F***-se, Elon Musk.” O ministro Paulo Teixeira apoiou a declaração, criticando a “interferência negativa” do empresário.

Musk respondeu com emojis rindo e comentou: “Eles perderão a próxima eleição”, referindo-se à disputa eleitoral de 2026.

O episódio ocorre em meio a uma visita diplomática de Xi Jinping à América do Sul, que incluiu o fortalecimento das relações entre China e Brasil. Durante o encontro, ambos assinaram um acordo estratégico, promovendo uma “comunidade China-Brasil” e alinhando-se à visão de Xi de um mundo multipolar. Esse movimento reflete as crescentes tensões geopolíticas e a busca da China por maior influência na região, tradicionalmente dominada pelos EUA.

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