O governo dos EUA estuda retirar milhares de soldados da Coreia do Sul como parte de uma reavaliação informal da política norte-americana para a Ásia, disseram fontes do Departamento de Defesa o The Wall Street Journal. A medida ainda não foi submetida ao presidente Donald Trump, mas reacende preocupações entre aliados sobre o compromisso da Casa Branca com a segurança regional.
Entre as opções consideradas pelo Pentágono está a realocação de cerca de 4,5 mil militares para outros pontos do Indo-Pacífico, incluindo Guam. Autoridades norte-americanas afirmam que uma decisão definitiva só será tomada após maior clareza sobre os rumos da guerra na Ucrânia e o nível de apoio contínuo a Kiev.

Atualmente, cerca de 28,5 mil soldados dos EUA estão posicionados na Coreia do Sul, onde cumprem papel estratégico tanto para dissuadir a Coreia do Norte quanto para conter avanços da China.
“Reduzir a força se torna problemático”, alertou o general Xavier Brunson, comandante das forças norte-americanas na Coreia, em depoimento ao Congresso em abril. A avaliação foi reforçada pelo almirante Samuel Paparo, principal comandante na região. “Inerentemente, isso reduziria nossa capacidade de vencer em um conflito”, disse.
A retirada parcial de tropas, embora mantida dentro do teatro regional, poderia provocar alarme entre aliados como Japão e Filipinas, que dependem da presença militar dos EUA para garantir sua segurança. Embora Guam seja considerada uma base estratégica de difícil acesso para as forças chinesas, a mudança pode ser percebida como uma retração frente ao avanço de Beijing no Mar da China Meridional e às constantes provocações de Pyongyang.
A preocupação com o futuro do posicionamento militar dos EUA na Península Coreana cresce após a visita do secretário de Defesa, Pete Hegseth, à Ásia, quando ele prometeu uma mudança “sem precedentes” no foco estratégico dos EUA.
Já Elbridge Colby, atual subsecretário de Defesa para política, defende que Seul assuma maior responsabilidade na defesa convencional contra o Norte. “Não sou a favor de retirar forças da Coreia do Sul, já afirmei isso diversas vezes. Sou a favor de reformular as forças dos EUA na ROK (sigla em inglês referente ao nome oficial da Coreia do Sul, República da Coreia) para focar na China, enquanto a ROK assume o grande fardo da defesa convencional contra a DPRK (sigla em inglês referente ao nome oficial da Coreia do Norte, República Popular Democrática da Coreia”, escreveu ele na rede social X, antigo Twitter, no ano passado.