Os Estados Unidos manifestaram contrariedade às reivindicações da China sobre o Estado indiano de Arunachal Pradesh, que Beijing demanda quase na totalidade como parte de seu território, intervindo em uma disputa entre os países vizinhos. As informações são da rede CNBC.
A China, que se refere ao território como Zangnan, afirma que Arunachal Pradesh faz parte do sul do Tibete, enquanto a Índia defende que a região sempre fez parte do país. A disputa ilustra as tensões crescentes ao longo da fronteira de 3,5 mil quilômetros entre as nações mais populosas do mundo.
Em comunicado emitido na quarta-feira (20), o Departamento de Estado dos EUA (DOS, da sigla em inglês) afirmou sua posição sobre Arunachal Pradesh, reconhecendo-o como território indiano e rejeitando fortemente quaisquer tentativas unilaterais de avançar nas reivindicações territoriais.
Ouvido pela reportagem, Michael Kugelman, do Wilson Center, um instituto de pesquisa sediado em Washington, vê a declaração como “parte dos esforços dos EUA para alinhar-se com a Índia”.
Kugelman observou que, enquanto Washington geralmente evita comentar sobre disputas de fronteira indianas, como a Caxemira com o Paquistão, está demonstrando apoio a Nova Délhi nesta questão, inclusive fornecendo inteligência para ajudar a Índia a enfrentar as tensões na fronteira com a China.
A situação se tornou ainda mais turbulenta no começo deste mês, quando Narendra Modi, primeiro-ministro indiano, inaugurou o Túnel Sela em Arunachal Pradesh, que auxilia no rápido deslocamento de tropas, armamentos e maquinários ao longo da fronteira sino-indiana, desencadeando uma forte reação das autoridades chinesas.
Após a inauguração do túnel rodoviário por Modi, o porta-voz militar chinês, coronel Zhang Xiaogang, reiterou a oposição da China ao controle indiano de Arunachal Pradesh. O Ministério da Defesa chinês reforçou sua reivindicação sobre o estado, enquanto a pasta homônima indiana afirmou que Arunachal Pradesh “é parte integral e inalienável da Índia”.
Por que isso importa?
A disputa territorial entre China e Índia envolve Arunachal Pradesh, uma região no noroeste da Índia. A China reivindica o controle sobre esse território, considerando-o parte da região autônoma do Tibete. Essa disputa persiste há décadas, apesar de esforços diplomáticos e econômicos entre as duas nações. Em 2017, houve tensões na travessia de Nathu La, no Himalaia, onde guardas de fronteira de ambos os lados se confrontaram.
A disputa pela fronteira entre China e Índia começou em 1962, em meio à guerra entre os dois países. No final dos anos 80, o então primeiro-ministro indiano Rajiv Gandhi buscou reestabelecer os laços com Beijing.
As tensões voltaram a aumentar após medidas tomadas pelas autoridades indianas, como o apoio às demandas por autonomia do Tibete, a crescente cooperação de defesa com EUA, Japão e Austrália, e restrições de investimentos chineses na Índia.
A relação atingiu seu pior momento em abril de 2020, quando soldados rivais se envolveram em combates em vários pontos da área montanhosa que divide os dois países. O problema começou com uma troca de acusações sobre desrespeito à Linha de Controle Real.
Então, em 15 de junho de 2020, a paz foi definitivamente quebrada e houve confronto entre soldados indianos e chineses em Ladakh. Na ocasião, 20 soldados indianos e quatro chineses morreram em combates corporais entre as tropas das duas nações. O confronto envolveu basicamente paus e pedras, sem nenhum tiro ter sido disparado.