Novos dados da agência de patentes dos EUA indicam que, desde 2010, o financiamento do governo norte-americano resultou em mais de mil patentes concedidas a pesquisadores na China. Esses registros de propriedade incluem áreas sensíveis como biotecnologia e semicondutores, o que tem levado a um aumento no escrutínio do Acordo de Ciência e Tecnologia EUA-China, criado para promover a colaboração entre os dois países. As informações são da agência Reuters.

A informação, fornecida pelo US Patent and Trademark Office, revela uma crescente preocupação entre os parlamentares norte-americanos sobre como o financiamento dos contribuintes dos EUA está ajudando no avanço tecnológico chinês.

Segundo dados apresentados ao comitê especial da Câmara dos Representantes sobre a China, 1.020 patentes concedidas entre 2010 e o início de 2024 foram financiadas, pelo menos em parte, por agências do governo dos EUA e incluem inventores na China. Embora os dados não especifiquem projetos ou a divisão de propriedade das patentes entre Washington e Beijing, eles mostram a extensão do envolvimento financeiro norte-americano.

Entre as patentes, 197 são relacionadas a produtos farmacêuticos e 154 a biotecnologia, ambos setores importantes para os interesses estratégicos dos EUA e da China. O financiamento de diversas agências do governo dos EUA teve um papel significativo na geração dessas patentes. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos foi o maior contribuinte, apoiando a criação de 356 dessas patentes. O Departamento de Defesa ficou em segundo lugar com 92 patentes, e, apesar das restrições legais sobre colaboração com entidades chinesas, o Departamento de Energia e a NASA também ajudaram a aumentar esse número.

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos gerou 356 dessas patentes, o maior número entre todas as agências.

Diante da situação, o deputado republicano John Moolenaar, presidente do comitê especial sobre a China, expressou preocupação com o fato de que os contribuintes dos EUA financiaram, inadvertidamente, mais de mil patentes registradas por entidades chinesas, sendo que quase 100 foram financiadas pelo Departamento de Defesa.

Pacto com a China

O Acordo de Ciência e Tecnologia EUA-China, que antes ajudava a manter a estabilidade nas relações entre os dois países, agora está sendo mais examinado devido a preocupações sobre o aumento do poder militar da China e alegações de roubo de propriedade intelectual. O acordo, que expirou em agosto de 2023, foi prorrogado por seis meses. Atualmente, os dois países estão discutindo sua renovação, e uma nova extensão de curto prazo pode estar a caminho enquanto negociam os termos.

Os dados do US Patent and Trademark Office mostram uma tendência global crescente: a China agora ultrapassou os EUA como o maior solicitante de patentes do mundo. Embora as patentes financiadas por agências dos EUA sejam apenas uma pequena parte do total de patentes da China, elas ilustram a complexa relação entre a cooperação internacional e as preocupações com a segurança nacional.

Diante desses acontecimentos, o Departamento de Estado, que está encarregado de renegociar o acordo EUA-China, afirmou que continua em contato com seus colegas chineses. Um porta-voz do departamento disse: “Os Estados Unidos permanecem dedicados a promover e proteger seus interesses em ciência e tecnologia”, indicando esforços contínuos para equilibrar a colaboração com as questões de segurança.