Hong Kong confirma primeiro caso de infecção por vírus B em humano

Desde sua descoberta em 1932, houve aproximadamente 50 casos conhecidos de infecção pelo popularmente conhecido como “vírus do macaco B” em humanos, resultando em 21 mortes

Em Hong Kong, um homem de 37 anos encontra-se em estado grave após ser atacado por macacos selvagens e contrair o herpesvírus simiae, conhecido como vírus B ou “vírus do macaco B”. É o primeiro caso humano registrado na cidade. O incidente ocorreu no no final de fevereiro no Kam Shan Country Park, um parque de rica biodiversidade. As informações são do jornal South China Morning Post.

O paciente está internado na UTI do Yan Chai Hospital desde o dia 21 de março, após apresentar febre e diminuição do nível de consciência. Testes realizados pelo Centro de Proteção à Saúde local confirmaram a presença do vírus B em sua amostra de líquido cefalorraquidiano na quarta-feira (3 de abril). Investigações epidemiológicas estão em andamento para entender melhor o caso.

O vírus B é uma infecção viral transmitida principalmente por principalmente por contato direto com fluidos corporais de primatas infectados, como saliva, sangue ou urina, especialmente macacos rhesus e macacos-verdes africanos. Ele pode causar uma doença grave chamada encefalite por vírus B em humanos, que pode ser fatal ou resultar em danos neurológicos graves. Esse tipo de contaminação é uma preocupação em áreas onde há interação próxima entre humanos e macacos, como parques naturais ou laboratórios de pesquisa com primatas. 

Macaco selvagem no Kam Shan Country Park, em Hong Kong (Foto: WikiCommons)

Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, da sigla em inglês) dos EUA, o vírus pode ser fatal para outros primatas, como chimpanzés e macacos-prego.

As infecções humanas são raras, com apenas cerca de 50 casos registrados desde sua descoberta em 1932, resultando em 21 mortes. Estudos anteriores indicam que a taxa de mortalidade pode chegar a 70% a 80% em humanos sem tratamento adequado.

O vírus B geralmente não é transmitido por macacos infectados, de acordo com o CDC. No entanto, pessoas com sistema imunológico enfraquecido, sob estresse ou com lesões na pele, têm maior probabilidade de transmiti-lo.

Profissionais como trabalhadores de laboratório e veterinários, expostos a macacos ou suas amostras, correm mais risco de contrair a infecção. Eles podem ser infectados por arranhões, cortes em superfícies contaminadas ou exposição a partes específicas do corpo de macacos infectados.

Ouvido pela reportagem, Ho Pak-leung, professor clínico associado de microbiologia na Universidade de Hong Kong, a probabilidade de infecção é baixa se não houver feridas na pele. No entanto, ele enfatiza que indivíduos com feridas ou lesões cutâneas, como eczema, têm maior risco de infecção se entrarem em contato com saliva contendo o vírus.

Após a infecção, sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, calafrios, dores musculares, fadiga e dor de cabeça, podem surgir em um período de três dias a um mês. Bolhas pequenas podem então se desenvolver na área infectada, seguidas por falta de ar, náusea e outros sintomas. Se não tratado, o vírus pode se espalhar para o cérebro e a medula espinhal, resultando em danos cerebrais, problemas de coordenação muscular ou até mesmo morte.

Sem casos no Brasil

Ouvido pelo jornal Estado de Minas, Alcides Pissinatti, veterinário e chefe do Centro de Primatologia do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) no Rio de Janeiro, o vírus B é exclusivo de macacos encontrados na África e no Sudeste Asiático.

Ele afirma que, na África, babuínos e chimpanzés são os mais suscetíveis, enquanto na Ásia, os macacos do gênero Macaca são os afetados. Pissinatti ressalta que o vírus não existe na fauna brasileira e está presente apenas em animais de centros de pesquisa e zoológicos.

Até o momento, não há registros de contaminação no Brasil.

Tags: