As forças armadas da Coreia do Sul mais uma vez dispararam tiros de advertência na manhã (horário local) de quinta-feira (20), após vários soldados norte-coreanos cruzarem a fronteira pela terceira vez somente neste mês, informou o Estado-Maior Conjunto de Seul (JCS, da sigla em inglês). Os soldados da rival nação vizinha recuaram após os disparos. As informações são da rede France24.
A Linha de Demarcação Militar na Zona Desmilitarizada (DMZ) foi cruzada por volta das 11h. Este foi o terceiro incidente desse tipo neste mês. Na terça-feira (18), as forças sul-coreanas também dispararam tiros de advertência após dezenas de soldados do Norte ultrapassarem a linha.
No entanto, os militares sul-coreanos acreditam que as incursões foram provavelmente acidentais, pois os norte-coreanos não reagiram aos tiros de advertência e recuaram imediatamente, segundo a agência Associated Press.
Seul sugere que as invasões acidentais do Norte neste mês podem ter ocorrido devido ao aumento repentino das tropas norte-coreanas que estavam fortificando sua parte da fronteira. O crescimento de árvores e plantas pode ter ocultado os sinais que marcam a linha de demarcação, levando as tropas norte-coreanas a atravessarem a linha sem perceberem.
As relações entre as duas Coreias estão em um dos seus momentos mais tensos dos últimos anos. Kim Jong-un recebeu o líder russo Vladimir Putin nesta semana, onde ambos assinaram um controverso acordo de defesa mútua, causando preocupação em Seul. O pacto prevê o fornecimento de assistência militar recíproca caso um dos Estados entre em guerra, o que elevaria a aliança aos níveis dos tempos de Guerra Fria.
Como resposta, a Coreia do Sul, que é um grande exportador de armas, anunciou que vai “reconsiderar” sua política de longa data de não fornecer armamentos diretamente à Ucrânia.
Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha em Seul, disse que o regime de Kim está colocando soldados em risco com construções apressadas na fronteira inter-coreana. Ele destacou que essas obras visam manter cidadãos norte-coreanos dentro e sul-coreanos fora, mas alertou que a falta de comunicação e confiança entre as Coreias aumenta o risco de escalada nas áreas fronteiriças.
Escalada de provocações
A guerra de propaganda entre as Coreias do Sul e do Norte segue a todo vapor, alimentando uma tensão histórica que ao menos até agora não levou a um conflito militar. Nos últimos dias, em vez de armas, os dois governos têm usado balões carregando folhetos e lixo, além de poderosos alto-falantes, para incomodar um ao outro e fortalecer suas retóricas perante a população alheia.
As provocações teriam sido iniciadas por ativistas sul-coreanos que enviaram balões em direção ao Norte com panfletos criticando o regime de Kim Jong-un e cartões de memória com músicas de K-pop, que são proibidas em território norte-coreano. Em resposta, os sul-coreanos alegam que mais de mil balões com lixo e até fezes foram enviados pela Coreia do Norte, o que levou a população de algumas áreas do Sul a temer um ataque aéreo.