Japão e Filipinas fortalecem aliança militar contra a China em meio a disputas territoriais

A tensão vem crescendo sobretudo no Mar da China Meridional, onde Beijing reivindica soberania quase total e sofre oposição também dos EUA

Os governos do Japão e das Filipinas fortaleceram nos últimos dias seus laços militares, que têm como principal objetivo conter o avanço da China na região da Ásia e Pacífico. Os dois países trabalham atualmente para estabelecer um pacto de defesa, mas desde já deixaram claro que estão unidos sobretudo nas disputas territoriais no Mar da China Meridional, onde têm ainda o apoio dos EUA.

No sábado (4), o primeiro-ministro Fumio Kishida fez um pronunciamento histórico nas duas câmaras do Congresso filipino, o primeiro líder japonês a fazê-lo, segundo a rede Radio Free Asia (RFA). Ele classificou Manila como um “parceiro insubstituível” e disse que as duas nações, alinhadas com Washington, seguirão trabalhando pela manutenção da “ordem internacional aberta baseada no Estado de Direito.”

Embarcações militares do Japão e dos EUA em exercício conjunto (Foto: Official U.S. Navy Page/Flickr)

No caso de Filipinas e China, a disputa envolve o Mar da China Meridional, onde ambos reivindicam soberania, bem como Vietnã, Malásia, BruneiTaiwan. Todos os países estão de olho nos ricos recursos naturais da hidrovia, pela qual passam anualmente cerca de US$ 3 trilhões em comércio marítimo.

Manila frequentemente acusa navios da guarda costeira chinesa de tentarem bloquear embarcações filipinas de reabastecimento que se destinam às Ilhas Spratly, um arquipélago disputado pelas nações.

A porção de terra reivindicada está dentro de sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE) das Filipinas, região que o país chama de Mar das Filipinas Ocidental. A missão regular de reabastecimento, frequentemente assediada por navios chineses, tem como destino um posto militar mantido pelas Filipinas no intuito de formalizar a posse da área, batizada Second Thomas Shoal.

O posto militar nada mais é que um antigo navio encalhado e ocupado por militares filipinos. A China, como parte de sua reivindicação territorial nas Ilhas Spratly, constantemente pede a Manila que remova a embarcação. Como os pedidos não são atendidos, passou a assediar as missões de reabastecimento.

O Japão, por sua vez, questiona os avanços de Beijing no Mar da China Oriental, onde ficam as ilhas Senkaku. Embora esteja sob controle do Japão, o arquipélago é reivindicado pela China, e barcos chineses são constantemente vistos na região, uma forma de pressionar os japoneses em meio à disputa territorial.

Durante a visita de Kishida, ele e o presidente filipino Ferdinand Marcos Jr. fizeram um pronunciamento defendendo uma “abordagem baseada em regras para resolver reivindicações concorrentes em áreas marítimas” e “o seu compromisso com a liberdade de navegação e sobrevoo nos mares da China Meridional e Oriental.”

Os dois líderes ainda prometeram acelerar o processo para que seja estabelecido um pacto de defesa mútua, que entre outras coisas permitirá a realização de patrulhas conjuntas nas águas disputadas, além de exercícios militares entre as Forças Armadas dos países.

“Em primeiro lugar, sob a situação internacional cada vez mais grave e complexa, estamos a aprofundar a nossa cooperação na área da segurança”, disse Kishida. “Foi tomada outra decisão para iniciar negociações de um Acordo de Acesso Recíproco (RAA, na sigla em inglês) para fortalecer ainda mais a cooperação trilateral entre o Japão, os Estados Unidos e as Filipinas.”

Antes das Filipinas, o Japão já firmou RAAs com a Austrália e o Reino Unido e Austrália, ambos tendo como principal motivação as disputas crescentes entre Tóquio e Beijing.

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