Mais de 6 mil extremistas paquistaneses se escondem no Afeganistão

Relatório da ONU aponta que grupos extremistas continuam usando fronteira porosa entre os dois países

Mais de seis mil extremistas islâmicos paquistaneses usam território do Afeganistão como base e esconderijo para atividades terroristas que miram alvos militares e civis, aponta relatório da ONU do último dia 16.

Os grupos aproveitam a fronteira porosa entre os dois países para encontrar guarida enquanto planejam ataques nos lados afegão e paquistanês. A maioria tem vínculo com o Estado Islâmico.

Homens vinculados ao Estado islâmico têm encontrado no Afeganistão esconderijo para orquestrar ataques (Foto: WikiCommons)
Mais de 6 mil extremistas paquistaneses se escondem no Afeganistão
Homens vinculados ao Estado islâmico têm encontrado no Afeganistão esconderijo para orquestrar ataques (Foto: WikiCommons)

Os grupos extremistas têm usado o surto mundial para impulsionar propaganda e aproveitam do desvio da atenção das forças de segurança para promover ataques.

A redução drástica no volume de voos internacionais e os toques de recolher reduziram a capacidade operacional de ataques terroristas globalmente. Mas o alerta não pode ser descartado, diz o relatório.

A recessão econômica global causada pela pandemia também pode, de acordo com o documento das Nações Unidas, fazer com que a “comunidade internacional enfrente ventos contrários no combate ao terrorismo”.

Trânsito dificultado

De acordo com o documento, a pandemia também dificultou a migração entre fronteiras no Oriente Médio e na Ásia Central, o que contribui para a redução de ataques entre algumas regiões.

A dificuldade, no entanto, fez com que tanto o Estado Islâmico quanto a Al-Qaeda aprofundem raízes nas comunidades e nos conflitos locais.

“As duas organizações e seus apoiadores continuam gerando violência ao redor do mundo, seja por meio de táticas de insurgência, direção e facilitação do terrorismo ou a inspiração para ataques”, diz o documento.

Mesmo que tenha o objetivo de controlar um número maior de territórios, a ONU afirmou que o Estado Islâmico ainda não deve reganhar espaço. “No momento, [o grupo] representa uma impregnada insurgência rural, sem ameaçar as áreas urbanas de forma sustentada.”

Ataques locais preocupam

Um dia antes da divulgação, a ONU já havia denunciado ataques de insurgentes paquistaneses ligados ao grupo Taleban no Afeganistão.

Na metade do mês, ONU denunciou ataques de grupo paquistanês do Talibã no Afeganistão.

Em uma carta, a representante permanente do Afeganistão, Adela Raz, registrou 12 ataques de artilharia contra o distrito de Asad Abad e mais de 160 disparos no distrito de Sarakano, na província de Kunar, a cerca de 250 quilômetros da capital Cabul. Dez pessoas morreram e oito ficaram feridas.

“Gostaríamos de reiterar que a questão das violações do território afegão pelas forças militares paquistanesas continuou, apesar dos inúmeros apelos feitos ao governo do Paquistão, bilateralmente, para interromper suas atividades ilegais em nosso território soberano”, escreveu Raz.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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