Otan e EUA dizem que a China planeja fornecer “apoio letal” à Rússia na guerra da Ucrânia

Denúncia foi feita pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e ratificada pelo chefe da aliança militar atlântica

A guerra da Ucrânia completará um ano nesta sexta-feira (24), e até este momento não existem indícios de que a China, principal aliada política da Rússia, tenha enviado armas para serem usadas pelas tropas de Vladimir Putin no conflito. Porém, segundo a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o governo norte-americano, essa situação pode mudar em breve. As informações são da agência Reuters.

“Não vimos nenhum fornecimento de ajuda letal da China para a Rússia, mas vimos sinais de que eles estão considerando e podem estar planejando isso”, disse nesta quinta (23) o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg. “Esta é a razão pela qual os Estados Unidos e outros aliados foram muito claros, alertando contra isso. E a China, é claro, não deveria apoiar a guerra ilegal da Rússia”, acrescentou.

Os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, em 2019 (Foto: www.kremlin.ru)

Embora não tenha fornecido armamento, a China foi recentemente acusada de ceder às forças armadas equipamento não letal. No começo deste mês, reportagem do Wall Street Journal (WSJ) disse que Beijing tem enviado itens proibidos a empresas de defesa do Kremlin embargadas. Na lista estariam equipamentos de navegação, tecnologia de interferência e peças de caças.

Diante desse cenário, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, fez um alerta a Wang Yi, principal diplomata chinês. Os dois se encontraram durante uma conferência de segurança em Munique, e o representante dos EUA afirmou que o fornecimento de armas à Rússia por parte do governo chinês “teria sérias consequências” no já comprometido relacionamento entre Washington e Beijing.

Blinken falou mais sobre o encontro e a relação China-Rússia em entrevista à rede NBC, cujo conteúdo foi reproduzido pelo Departamento de Estado. “O que vemos nos últimos anos é, claro, algum apoio político e retórico, até mesmo algum apoio não letal. Mas estamos muito preocupados com o fato de a China estar considerando fornecer apoio letal à Rússia em sua agressão contra a Ucrânia”, disse ele.

De acordo com o chefe da diplomacia norte-americana, as ações da China contrariam a posição oficial do governo Xi Jinping de que atua pelo fim da guerra. “Publicamente, eles se apresentam como um país que luta pela paz na Ucrânia. Mas, em particular, como eu disse, já vimos nos últimos meses o fornecimento de assistência não letal que vai diretamente para ajudar e encorajar o esforço de guerra da Rússia”. 

Stoltenberg, por sua vez, destacou que, se confirmado o fornecimento de ajuda letal, seria uma violação da Carta da ONU (Organização das Nações Unidas) por parte da China, que é membro do Conselho de Segurança.

“O princípio básico dessa carta é respeitar a integridade de outras nações e não marchar e invadir outro país com centenas de milhares de soldados”, disse ele. “É claro que a China não deveria fazer parte disso”, afirmou o secretário-geral da Otan.

Por ocasião da denúncia feita pelo WSJ, Liu Pengyu, porta-voz da embaixada chinesa nos EUA, disse que a acusação de que Beijing fornece ajuda militar às forças armadas da Rússia “não tem base factual” e é “puramente especulativa e deliberadamente exagerada”. 

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