A Rússia concordou em equipar e treinar um batalhão aerotransportado chinês, além de compartilhar experiência no lançamento de veículos blindados. Segundo analistas, os acordos fortalecem a capacidade de Beijing de realizar operações ofensivas contra Taiwan e demonstram o aprofundamento da cooperação militar entre os dois países. As informações são do Washington Post.
Documentos obtidos e verificados pelo Royal United Services Institute (RUSI), think tank britânico, mostram que Moscou permitirá à China acesso a treinamento e tecnologia em uma das poucas áreas onde ainda mantém vantagem: tropas aerotransportadas experientes.

Embora a China tenha avançado no desenvolvimento de armamentos, especialistas afirmam que ela ainda carece de experiência prática em operações aerotransportadas de grande escala. Nesse ponto, o know-how russo é visto como decisivo para os planos de Xi Jinping.
Impactos estratégicos no Indo-Pacífico
A cooperação vai além de exercícios conjuntos simbólicos. Os dois exércitos trabalham em sistemas interoperáveis e em táticas de combate aéreo consideradas críticas por Beijing para vencer uma eventual batalha por Taiwan, ilha autônoma que a China reivindica como parte de seu território.
Analistas alertam que a parceria russo-chinesa desafia os esforços do Pentágono em redirecionar recursos para conter Beijing na região da Ásia-Pacífico.
Taiwan na linha de frente
Especialistas ouvidos afirmam que, em caso de conflito, o fornecimento de petróleo, gás e recursos militares da Rússia poderia dar à China um apoio estratégico decisivo. Beijing também vem ampliando exercícios conjuntos com Moscou, incluindo lançamentos aéreos de equipamentos pesados, técnica considerada fundamental em uma possível invasão.
Taiwan acompanha de perto os acordos e já intensificou seus treinamentos militares para repelir ataques aéreos e desembarques em pontos estratégicos da ilha.
Por que isso importa?
Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.
Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.
Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.
A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.