A China estaria mais preocupada em ampliar seu poder e influência do que em enfrentar os problemas econômicos e sociais que afetam o país. A declaração é de Joseph Wu, chefe do Conselho de Segurança Nacional de Taiwan, que nesta terça-feira (21) acusou o governo chinês de adotar uma postura expansionista enquanto negligencia desafios internos. As informações são da Reuters.
Segundo Wu, o Partido Comunista Chinês (PCC) realiza nesta semana uma reunião de cúpula, o chamado plenário, em um momento de forte desaceleração econômica, desemprego crescente entre jovens e crise imobiliária. Mesmo assim, o foco do encontro não estaria em medidas de recuperação, mas em expurgos políticos e militares dentro do regime de Xi Jinping.

“As notícias não tratam de pacotes econômicos para tirar a China da crise, mas de expurgos de altos generais do Exército de Libertação Popular (ELP)”, disse Wu em discurso em Taipei.
Na semana passada, dois altos oficiais chineses foram expulsos do partido e das forças armadas sob acusações de corrupção, ampliando uma campanha anticorrupção que já atinge nomes próximos a Xi desde 2023.
Wu também criticou o desfile militar realizado em Beijing em setembro, que marcou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Para ele, o evento reforçou a imagem de uma China voltada à exibição de poder, em vez de focar em estabilidade e bem-estar social.
“As imagens transmitiram a impressão de que a China ainda busca o domínio global, e não a solução de seus problemas internos”, afirmou.
O governo chinês, que considera Taiwan parte de seu território, não comentou as declarações. Beijing rejeita o diálogo com o presidente taiwanês Lai Ching-te, classificado como “separatista”, e insiste que a ilha não tem direito à independência.
Mesmo assim, Wu ressaltou que o governo de Lai pretende manter o status quo no Estreito de Taiwan e não busca provocar Beijing. Ainda assim, defendeu o aumento dos investimentos em defesa diante do avanço militar chinês.
“Permitam-me ser direto: Taiwan está determinada a se defender”, concluiu.
As tensões entre China e Taiwan têm crescido nos últimos meses, com exercícios militares chineses próximos à ilha e declarações de Beijing reafirmando a “inevitabilidade” da reunificação. Para especialistas, o cenário indica que o confronto político e econômico entre as duas partes continuará a marcar a política asiática nos próximos anos.