Taiwan e EUA devem investir mais em drones para conter invasão da China, diz relatório

Aliados correm o risco de perder um eventual conflito com Beijing se não investirem pesado na nova tecnologia militar

Os drones estão “mudando fundamentalmente” o panorama das guerras, permitindo a mobilização de uma força aérea “relativamente barata e descartável, mas capaz de fornecer poder de fogo em massa e com resiliência.” Não seria diferente em uma eventual invasão de Taiwan pela China, conflito que tende a envolver ainda os EUA. No campo dos veículos aéreos não tripulados (VANTs), a vantagem hoje é chinesa, e os governos norte-americano e taiwanês precisam investir pesado nesse tipo de tecnologia para conter a possível agressão. É o que aponta um relatório do think tank Centro Para uma Nova Segurança Americana (CNAS, na sigla em inglês), de Washington.

“A China está posicionada para tirar partido da sua grande frota de drones, o que poderá lhe proporcionar uma vantagem numa guerra por Taiwan”, afirma o relatório. “Os Estados Unidos e Taiwan precisam preencher essa lacuna rapidamente e desenvolver um sistema em camadas de defesas anti-drones ou correm o risco de ficar do lado perdedor de uma guerra.”

Os VANTs são de fato parte central da estratégia norte-americana caso suas tropas tenham que partir em defesa do aliado. Recentemente, o almirante Samuel Paparo, novo chefe do Comando Indo-Pacífico das Forças Armadas dos EUA, disse que a melhor resposta a uma agressão chinesa seria usar os drones para transformar o Estreito de Taiwan em “uma paisagem infernal”.

Drone da Marinha norte-americana em ação: decisivos na guerra moderna (Foto: dvidshub.net//Picryl)

O militar diz que a estratégia seria usar milhares de drones para manter as forças chinesas ocupadas no início da invasão, até que os EUA tivessem condições de se posicionar no campo de batalhas com o resto de suas forças.

A avaliação do CNAS é compatível, dizendo que os drones “não são substitutos de aeronaves tripuladas, artilharia ou mísseis”, e Sim um complemento a eles. “Embora os drones por si só não consigam vencer uma guerra contra a China para defender Taiwan, tornaram-se uma parte fundamental da competição, e os Estados Unidos não podem se dar ao luxo de ficar para trás”, diz o texto.

O principal investimento de Washington para se posicionar em condições de igualdade com Beijing deve ser voltado a drones de longo alcance, de preferência mais modernos e baratos, conforme o estudo. E em quantidade suficiente para compensar aqueles “que serão inevitavelmente perdidos em combate.”

Um modelo de VANT que vem sendo bastante útil para as forças russa e ucraniana é o dos kamikazes, que se destroem no ataque em vez de disparar um artefato explosivo. Eles “poderiam sobrecarregar as defesas aéreas da Marinha chinesa e danificar ou destruir a frota invasora”, afirmam os autores.

Um dos obstáculos para o governo norte-americano é a capacidade industrial atual do país, insuficiente para suprir a necessidade. A situação se repete em Taiwan, que igualmente precisa remodelar seu sistema de produção, dando prioridade a drones aéreos de curto e médio alcance e aos modelos kamikaze.

O relatório avalia que, caso norte-americanos e taiwaneses sigam as orientações e atinjam os objetivos traçados, seriam capazes de “dissuadir e, se necessário, derrotar a China numa guerra.”

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