Ucrânia deixou soldados norte-coreanos fora de troca de prisioneiros após pedido de Seul

Capturados em janeiro, dois militares da Coreia do Norte estão sob custódia em Kiev e manifestaram desejo de desertar para o Sul

Dois soldados norte-coreanos capturados na guerra da Rússia contra a Ucrânia foram excluídos do recente acordo de troca de prisioneiros entre Moscou e Kiev. Segundo o parlamentar sul-coreano Yu Yong-weon, a decisão atendeu a um pedido de Seul. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).

Identificados como Ri e Baek, os dois militares faziam parte do contingente de ao menos 15 mil soldados norte-coreanos enviados à região russa de Kursk, onde participaram de combates contra tropas ucranianas. Ambos foram capturados em janeiro e estão sob custódia em Kiev desde então.

Rússia e Ucrânia iniciaram no dia 23 de maio uma operação de troca de mil prisioneiros de guerra, em grupos de cerca de 300 por dia, resultado de uma negociação conduzida em Istambul no dia 16. Os norte-coreanos, porém, seguem detidos. “Eu confirmei com uma fonte ucraniana que Ri e Baek, ex-soldados norte-coreanos capturados pelas forças ucranianas, foram excluídos da lista da recente troca de prisioneiros”, declarou Yu.

Campanha de alistamento militar na Coreia do Norte, outubro de 2024 (Foto: KCNA/divulgação)

“Outra fonte disse que a exclusão deles da troca foi em resposta a um pedido do governo sul-coreano que o governo ucraniano respeitou”, afirmou Yu, que visitou a Ucrânia em fevereiro e se encontrou com os dois militares. Na ocasião, Ri manifestou o desejo de desertar para da Coreia do Sul.

Pela Constituição sul-coreana, todos os norte-coreanos são automaticamente reconhecidos como cidadãos nacionais. Isso significa que, se chegarem ao território sul-coreano, os dois soldados têm direito legal à cidadania. O ministério das Relações Exteriores do país afirmou que comunicou esse princípio básico ao governo ucraniano, reforçando que aceitaria soldados do Norte que quisessem ir para o Sul.

A presença de tropas norte-coreanas na guerra da Ucrânia, revelada em outubro de 2023, só foi reconhecida oficialmente por Pyongyang e Moscou em abril. A aliança militar entre os dois países se intensificou após a visita do presidente Vladimir Putin à Coreia do Norte, que incluiu a assinatura de um pacto de defesa mútua com Kim Jong-un.

De acordo com o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS), 15 mil soldados norte-coreanos foram enviados à Rússia em duas levas. Até abril, havia registro de 4,7 mil baixas entre eles, incluindo 600 mortos. A agência de inteligência também relatou casos de “problemas comportamentais”, como consumo excessivo de álcool e furtos, e destacou benefícios militares para Pyongyang, como ganhos de experiência em combate e manuseio de drones.

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