O órgão de fiscalização de auditoria de Hong Kong disse nesta segunda-feira (15) que começou uma investigação a respeito das demonstrações financeiras da unidade de serviços imobiliários da China Evergrande e seu ex-auditor. As informações são da agência Reuters.
A análise surge após os resultados de uma apuração interna do grupo levantarem questionamentos sobre o episódio de desvio de empréstimos, que teve como objetivo canalizar US$ 2 bilhões para os cofres da Evergrande a partir de um de seus braços imobiliários, a Evergrande Property Services.
Prédio da China Evergrande Centre, em Hong Kong (Foto: WikiCommons)
De acordo com comunicado emitido pelo Conselho de Relatórios Financeiros (FRC, da sigla em inglês), estão sob averiguação as demonstrações financeiras de 2020 e do primeiro semestre de 2021 da Evergrande Property Services, bem como a auditoria realizada pela PwC em suas contas anuais de 2020.
“O FRC identificou questões sobre a classificação de depósitos bancários restritos e outros empréstimos, a medição das promessas de garantia e a divulgação de transações de partes relacionadas nas contas, e questões relacionadas sobre as auditorias”, detalhou a nota.
A investigação amplia o escrutínio da empresa em meio a um processo de reestruturação da dívida de US$ 300 bilhões, que deu a ela o ingrato apelido de “a incorporadora mais endividada do mundo”.
No mês passado, Xia Haijun, presidente da gigante imobiliária, anunciou sua renúncia ao cargo após ter seu nome relacionado ao esquema que resultou em bancos reivindicando bilhões de dólares de uma subsidiária.
O valor foi posteriormente apreendido pelos bancos quando a unidade não cumpriu com suas obrigações, “limpando” a maior parte do seu caixa.
Por que isso importa?
Foi o endividamento da Evergrande que chamou a atenção para a crise imobiliária chinesa, símbolo das dificuldades enfrentadas pela economia local e seu outrora próspero setor. Depois de expandir e tomar empréstimos a uma velocidade vertiginosa, a incorporadora alega que tem lutado para juntar o dinheiro que precisa para honrar dívidas em atraso, empréstimos pendentes e salários atrasados.
Hui Ka Yan, fundador e presidente da companhia e que encabeça a lista de bilionários devedores do setor imobiliário chinês, já perdeu pagamentos de cerca de US$ 20 bilhões em títulos internacionais e ainda não ofereceu um plano de reestruturação viável para a empresa. Ele tentou restaurar a confiança no seu negócio em fevereiro, ao descartar a venda de ativos, alegando que a empresa concluiria metade de seus projetos restantes no decorrer de 2022.
No dia 21 de março, a Evergrande teve suspensa a negociação de suas ações na bolsa de Hong Kong e foi avisada de que precisa informar as autoridades locais sobre como será executada a reestruturação da companhia. No dia seguinte ao anúncio, a gigante chinesa teve cerca de US$ 2,1 bilhões em dinheiro apreendidos por bancos para o pagamento de credores.