Vietnã acusa navio chinês de confiscar carga de pesqueiro no Mar da China Meridional

Embarcação teria sido abordada de forma intimidadora, entregando 1,5 tonelada de peixes para evitar a prisão da tripulação

No dia 19 de fevereiro, um pesqueiro do Vietnã foi abordado por uma embarcação chinesa no Mar da Chin Meridional e teve todo o produto de sua pesca confiscado. Embora o episódio tenha ocorrido há quase uma semana, somente agora veio à tona através de denúncia do jornal estatal vietnamita Tuoi Tre, com as informações reproduzidas pela rede Radio Free Asia (RFA).

O incidente teria ocorrido perto das Ilhas Paracel, ou Hoang Sa para o Vietnã, um arquipélago controlado por Beijing e reivindicado também por Taiwan e Vietnã.

Devido aos fortes ventos, os vietnamitas foram obrigados a ancorar em uma área rochosa perto das Ilhas Paracel. Então, um grande navio chinês se aproximou, e homens uniformizados entraram na outra embarcação de forma intimidadora, segundo o capitão Huynh Van Khoi.

Ameaçados de prisão, os membros da tripulação atacada teriam assinado um documento, sendo forçados a destruir as redes de pesca e a entregar 1,5 tonelada de peixes que haviam capturado.

A situação é habitual na região, com governos estrangeiros constantemente reclamando do comportamento da China. São frequentes os relatos de assédio a embarcações estrangeiras, especialmente no Mar da China Meridional.

No caso específico das Ilhas Paracel, as principais vítimas são os pesqueiros vietnamitas, vez que Beijing controla o arquipélago e age com firmeza na região.

Embarcações chinesas são acusadas de assédio no Mar da China Meridional (Foto: Wikimedia Commons)
Por que isso importa?

Na última década, o Mar da China Meridional tem sido palco de inúmeras disputas territoriais entre a China e outros reclamantes do Sudeste Asiático, bem como de uma disputa geopolítica com os Estados Unidos quanto à liberdade de navegação nas águas contestadas. 

Os chineses ampliaram suas reivindicações sobre praticamente todo o Mar da China Meridional e ali ergueram bases insulares em atóis de coral ao longo dos últimos dez anos. Washington deu sua resposta com o envio de navios de guerra à região, no que classifica como “missões de liberdade de operação”.

Embora os EUA não tenham reivindicações territoriais na área, há décadas o governo norte-americano tem enviado navios e aeronaves da Marinha para realizar patrulhas, com o objetivo de promover a navegação livre nas vias marítimas ​​internacionais e no espaço aéreo.

Segundo o comandante dos EUA no Indo-Pacífico, almirante John C. Aquilino, a razão da presença de Washington na região é “prevenir a guerra por meio da dissuasão e promover a paz e a estabilidade, inclusive envolvendo aliados e parceiros americanos em projetos com esse objetivo”.

Já a atuação de Beijing, de acordo com o almirante, é preocupante. “Acho que nos últimos 20 anos testemunhamos o maior acúmulo militar desde a Segunda Guerra Mundial pela República Popular da China”, afirmou. “Eles avançaram todas as suas capacidades, e esse acúmulo de armamento está desestabilizando a região”.

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