China estuda limitar a exportação de minerais de terras-raras aos EUA

Restrições da China, maior produtora global, podem afetar as indústrias de eletrônicos e armamentos norte-americanas

A China estuda a possibilidade de limitar a exportação de minerais de terras-raras aos EUA, de acordo com o britânico “Financial Times”. Os elementos são essenciais para fabricação de jatos de combate, como o F-35, e outros armamentos sofisticados.

As terras raras são 17 metais essenciais à fabricação de produtos de alta tecnologia, como smartphones, veículos elétricos, drones e mísseis. Cada F-35, da Lockheed Martin, exige 417 quilos de terras raras em seus sistemas de energia e ímãs, segundo estudo do Congresso dos EUA.

O Ministério da Indústria da China já teria proposto controles preliminares sobre a produção e exportação dos minerais de terras-raras em janeiro. Cerca de 80% de toda a importação dos EUA desses elementos vêm da China.

Em outubro, o então presidente norte-americano Donald Trump chegou a assinar uma ordem emergencial para impulsionar a produção nacional de minerais de terras-raras, com o objetivo de reduzir a dependência dos chineses.

China estuda barrar exportação de terras raras e mina indústria de armas dos EUA
Modelo de jato-caça F-35 da Lockheed Martin em treinamento no estado norte-americano de Idaho, em novembro de 2017 (Foto: Divulgação/Robert Sullivan)

De acordo com o portal especializado Defense News, Washington aposta em soluções de curto prazo para aumentar a mineração de fontes domésticas e buscar alternativas para diversificar a base de fornecedores.

As restrições chinesas são parte da batalha comercial e tecnológica entre as duas potências mundiais, aceleradas desde o início da pandemia. Com a medida, Beijing vê também uma oportunidade de aumentar a oferta dos minerais para sua crescente demanda doméstica.

Na sexta-feira (19), o órgão anunciou um aumento da cota de produção para o primeiro semestre. Agora, a China passa a permitir a extração de 84 mil toneladas de minérios, aumento de 30% ante a cota permitida até o ano passado, de 66 mil toneladas, informou a japonesa “Nikkei Asia”.

Demanda doméstica

O aumento da cota seria um esforço para conter o que o governo chinês vê como excessiva dependência de materiais importados. Embora seja o maior produtor mundial de terras-raras, a China ainda importa minerais de países vizinhos como Mianmar, Malásia e Vietnã.

Em 2020, entraram no país 47 mil toneladas – um quarto da demanda interna total. Com a matéria-prima, a China quer aumentar a proporção de veículos híbridos no total dos carros novos vendidos no país até 2035 e investir na produção de robôs.

Beijing passou a estabelecer limites à produção das terras-raras em 2007. À época, o objetivo era manter os preços altos, por meio do controle da demanda, e reduzir a poluição.

“Embora a quantidade de elementos usada em um produto possa não ser parte total de seu peso ou volume, sem eles o funcionamento dos dispositivos não seria possível”, segundo o relatório do Congresso dos EUA.

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