Na última sexta (29), o Brasil ultrapassou a Espanha em número de mortes causadas pelo novo coronavírus. No domingo (31), o país superou também os franceses, e se tornou o quarto Estado com maior número de mortes causadas pela Covid-19.
O passo rápido da pandemia no Brasil gerou críticas da imprensa internacional. Na avaliação de repórteres e analistas estrangeiros, a crise institucional e a baixa colaboração entre lideranças brasileiras desempenharam papel fundamental para a deterioração da situação política, econômica e sanitária no país.
O diário britânico “Financial Times” destacou nesta terça (2) correlação entre a fuga massiva de capitais do país e “o medo dos investidores” do cenário, que oferece um cardápio de más notícias em quase todos os âmbitos.
O FT também publicou notícias e editoriais nos quais afirmam que o presidente Bolsonaro “está se autodestruindo” e “construindo condições para seu próprio impeachment”.
O jornal norte-americano “The New York Times” afirma que as atitudes de Bolsonaro durante a pandemia ampliam a sensação de que o presidente é um líder sitiado, com cada vez mais dificuldade para governar.
O Times aponta ainda para a situação da economia brasileira que, segundo especialistas, deve mergulhar em profunda recessão.
A agência de notícias Reuters destacou a participação de Bolsonaro em um protesto contra o STF (Supremo Tribunal Federal) no último domingo (31) sem o uso de máscaras, apesar da obrigatoriedade imposta pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
Segundo a Reuters, o presidente aprofunda a crise política no país, que já vive um dos piores surtos do coronavírus no mundo.
A agência destacou as queixas do presidente brasileiro à Corte por investigar a suposta interferência em nomeações na Polícia Federal, além da evidências de que blogueiros militantes façam uso de campanhas de desinformação, as chamadas fake news.
A emissora do Catar Al Jazeera apontou que, mesmo diante da situação gravíssima vivida pelo Brasil, o presidente Jair Bolsonaro permanece despreocupado.
A Bloomberg também vê piora da crise política após os últimos protestos. O veículo também destacou as aparições de Bolsonaro para cumprimentar seus apoiadores nas marchas em prol do governo, enquanto o número de casos e mortes pela Covid-19 só aumentam.

Comparativo
Até esta segunda (1º), o Brasil registrava 29,3 mil mortes, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. A França tem 28,8 mil mortes, enquanto a Espanha registra 27,1 mil.
Os números brasileiros aparecem atrás apenas do Itália, com 33,4 mil mortes; Reino Unido, que soma 38,5 mil óbitos; e dos Estados Unidos, onde 104 mil pessoas já morreram pela doença.
Em número de casos confirmados do vírus, a situação brasileira é ainda pior. O país está em segundo lugar no ranking, com 514,8 mil casos, atrás apenas dos Estados Unidos, com 1,7 milhões de casos confirmados.
No entanto, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o número real de casos pode ser 15 vezes maior devido a falta de testes.
Apesar das recomendações do ministério do próprio governo, o chefe de Estado continua indo às ruas da capital encontrar e abraçar apoiadores.
Por região
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a região com o maior número de casos é o Sudeste, com 187,2 mil registros. Em seguida estão o Nordeste, com 179,4 mil, e o Norte, com 107,7 mil casos confirmados.
Também em relação ao número de óbitos, a região Sudeste é a mais afetada pela pandemia do coronavírus: são 13,8 mil óbitos. O ranking também é composto por Nordeste em segundo lugar, com 8,8 mil mortes, e o Norte, onde 5,6 pessoas morreram pela doença.
No entanto, a incidência por 100 mil habitantes é maior no Norte, seguido pelo Nordeste e pelo Sudeste. Ainda segundo a pasta, 206,5 mil pessoas já se recuperam da doença no Brasil.