A Câmara dos Representantes norte-americana votou nesta quarta (27) de forma quase unânime por sanções a altos funcionários do governo chinês. As informações são do jornal “The New York Times”.
A proposta visa punir os responsáveis pelos “campos de internação” para onde já foram enviados mais de um milhão de muçulmanos uigures no oeste da China.
A decisão foi bipartidária, com 413 votos a um. Apenas o republicano Thomas Massie, do Kentucky, votou contra. O congressista ficou conhecido por “Senhor Não” por se opor inclusive a medidas consideradas unânimes.
As sanções atingiriam sobretudo Chan Quanguo, responsável de Beijing pela região de Xinjiang, no extremo oeste do país.
Há fortes suspeitas de que o governo chinês empreende uma limpeza étnica na região. A legislação que prevê punição aos responsáveis foi aprovada no Senado neste mês. Um dos principais defensores da medida foi o republicano Marco Rubio, da Flórida.

Há cerca de um ano, congressistas dos dois partidos pleiteiam punição aos responsáveis pela repressão aos uigures.
Washington teme se indispor com os chineses e prejudicar o já complicado acordo comercial em curso. Até agora, as sanções limitavam-se a oito empresas, fabricantes de equipamentos usados para monitorar os uigures.
O povo uigur é de maioria muçulmana e tem afinidades étnicas e culturais com os povos da Ásia Central, como os tadjiques e cazaques.
Histórico
A província de Xinjiang foi anexada pela China em 1949. Desde então, Beijing implementou uma política de povoamento de área pela etnia han, majoritária em todo o país. Em 2000, a população ali já era composta por 40% de chineses étnicos, de renda superior aos nativos.
Com o fim da União Soviética e a criação de Estados independentes como Cazaquistão, Tadjiquistão e Quirguistão, surge um movimento uigur.
Desde o início dos anos 2000, Beijing tem suprimido manifestações culturais uigures na região, afirmando serem “ilegais” e “separatistas”.
Em 2009, a capital de Xinjiang, Urumqi, foi palco de manifestações contra o governo central. Desde então, foram registrados ataques terroristas que levaram ao endurecimento da vigilância chinesa na região.